As emoções geradas pelo futebol, por vezes, levam os jogadores a ultrapassar o limite do bom senso, seja por frustração ou despeito. Este ano, em Portugal, o caso mais sonante, além do de ontem com Pepe, aconteceu na Liga 2 mas, pela Europa, fora há várias situações a lamentar. O JN dá-lhe conta dos principais casos.
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Um dos casos célebres de racismo esta época, em Portugal, aconteceu a 20 de agosto, quando André Clóvis, jogador do Académico Viseu, foi substituído no jogo em casa do Farense, para a Liga 2. Quando o avançado caminhava ao longo do campo, após substituições, ouviu palavras insultuosas por parte dos adeptos algarvios. O jogador não respondeu, mas no final da partida não conteve a frustração. Ao que tudo indica, os apoiantes da equipa da casa continuaram com impropérios e André Clóvis reagiu dirigindo-se aos adeptos. Foram os próprios colegas de equipa a travar o jogador, que se preparava para entrar em confrontos físicos com o público e André Clóvis viria mesmo a ser expulso pelo árbitro José Bessa.
Vinícius Jr.: o mais visado
Em Espanha, o jogador do Real Madrid Vinícius Jr. tem sido um alvo de comentários racistas, sendo o atleta que mais vezes foi atacado nos últimos tempos. Além do caso que remonta a setembro de 2022, em que foi insultado antes e depois do clássico com o Atlético Madrid, o que motivou uma tomada de posição oficial por parte dos colchoneros. "O Atlético de Madrid condena fortemente os cânticos inadmissíveis que uma minoria de fãs fez do lado de fora do estádio antes do dérbi", lê-se em comunicado. Além deste exemplo, Vini Jr. voltou a sofrer nos jogos com Maiorca e Valladolid, mas nestes dois últimos casos os adeptos foram castigados com multas e banidos do estádio.
O brasileiro, de 22 anos, deixou inclusive uma mensagem nas redes sociais sobre o assunto. "Os racistas continuam a ir aos estádios e a La Liga não faz nada. Vou continuar de cabeça erguida a celebrar as minhas vitórias e as do Real Madrid. No final a culpa ainda é minha", escreveu Vinicius Jr.
Itália é palco recorrente de insultos racistas
Mais recentemente, em Itália, Lukaku também foi alvo de adeptos a imitar sons de macaco, após comemorar um golo frente à Juventus. Tudo aconteceu perto do apito final do jogo entre as duas equipas a contar para a primeira mão da meia-final da Taça de Itália (1-1) e o avançado belga foi mesmo expulso, porque o árbitro entendeu que estaria a provocar as bancadas, quando Lukaku apenas fez um festejo habitual.
O Inter Milão reagiu em comunicado após o sucedido. "Somos irmãos do mundo. Queremos reiterar firmemente que estamos unidos contra o racismo e todas as formas de discriminação. O futebol e o desporto não devem ser apenas um veículo de emoções, mas também de valores claros e compartilhados, que nada têm a ver com o que vimos ontem à noite nos últimos minutos das meias-finais da Taça de Itália em Turim".
Além deste caso, em 2022/23, houve outro bastante infame a envolver o ex-jogador do Barcelona, Umtiti. Agora a representar o Lecce, o defesa-central foi o alvo principal da fúria dos adeptos da Lazio quando a equipa perdeu por 2-1, na visita ao terreno do adversário.
Os apoiantes da equipa romana entoaram cânticos racistas, levando até ao árbitro da partida a interromper o encontro, mas os adeptos da casa tentaram abafar os insultos puxando pela própria equipa. Segundo a imprensa italiana, Umtiti ficou até emocionado por ver o público a sair em sua defesa.
Brasil na vanguarda da luta contra o racismo
Recentemente a Confederação Brasileira de Futebol (CFB) deu um passo de gigante na luta contra o racismo. Desde fevereiro deste ano, "vai punir com rigor as ofensas racistas no futebol" e destacou que é a primeira entidade do mundo a incluir no regulamento "a possibilidade de punir desportivamente um clube em caso de racismo", além de que vai denunciar todos os casos ao Ministério Público para que possam romper a esfera desportiva e passar a ser tratados como crimes.
"A luta contra o racismo tem pressa. As medidas são discutidas há séculos e nunca colocadas em prática", apontou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, em comunicado.
Estes são alguns exemplos de casos em que as emoções levaram a melhor sob os adeptos, situação que, infelizmente, se verifica pela Europa fora. Para combater este flagelo, a Premier League e a Bundesliga impõem pesadas multas e castigos aos clubes e adeptos que enveredem por este tipo de comportamentos e, de facto, nos últimos tempos têm sido as ligas menos visadas por este tipo de atos.