O castigo a quatro jogadores do F. C. Porto colocou os regulamentos disciplinares dos clubes na ordem do dia. As proibições dos clubes aos atletas chegam a impedir viagens e noites fora de casa, mesmo cumprindo as horas de sono.
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São documentos mais polémicos do que parece, podendo, no limite, chocar com as leis do trabalho. Os futebolistas concordam com as limitações quando assinam os contratos e os documentos estão sempre em atualização, como acontece agora, apurou o JN, uma vez que há clubes que se preparam para acrescentar limites às regras de utilização das redes sociais, na sequência do impacto provocado pelos vídeos da festa de aniversário da mulher do portista Uribe, que resultou num castigo para o médio e outros três companheiros, Marchesín, Luis Díaz e Saravia.
O documento que reúne as regras é entregue aos futebolistas no dia da assinatura, à partida para o estágio de pré-temporada ou, se for caso disso, quando é alterado pelo treinador ou pela Direção. Em alguns dos regulamentos, o conteúdo mexe diretamente com o lado pessoal do atleta, como é caso da obrigatoriedade de pernoitar na respetiva residência e de comunicar ao clube uma eventual mudança de morada. Trata-se de uma determinação que, durante a época desportiva, só pode ser alterada em dias de estágio ou mediante a comunicação prévia. A propósito do episódio que envolveu os portistas, o JN procurou perceber o conteúdo do regulamento interno de diversos clubes portugueses. Alguns vão ser atualizados, visto que ainda não previam regras para as redes sociais. Outro caso curioso que encontrámos, diz respeito às regras impostas nas deslocações. Algumas instituições proíbem os jogadores de viajar para lá de um raio de 50 quilómetros da sua residência, sem autorização prévia dos dirigentes. Ainda no que toca a deslocações, note-se que os futebolistas também precisam de consentimento se pretenderem viajar, após os jogos fora, numa viatura que não seja a do clube.
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Outro dado comum a grande parte dos clubes em análise prende-se com o treino fora das instalações próprias. Se, por exemplo, Cristiano Ronaldo ainda jogasse em Portugal, de pouco lhe valeria ter um ginásio em casa, pois estaria impedido de se exercitar nele, como tanto gosta de fazer, visto que a maioria dos regulamentos proíbe essa prática.
A caixinha do capitão
Com o Mundo em constante evolução, há sempre novas regras a surgir, mas é rara a situação em que exista uma pena previamente estipulada para os casos em que elas são infringidas.
Em situações de pouca gravidade, como por exemplo um ligeiro atraso na chegada a um treino, situação essa que também está regulamentada, a punição aplicada é quase sempre uma multa monetária, depositada muitas vez numa caixinha à guarda do capitão de equipa. Depois dos "contributos", o encaixe é usado num repasto de confraternização.
Portistas infratores partiram cedo e em silêncio
Marchesín, Saravia, Uribe e Díaz viajaram debaixo de fogo para as respetivas seleções
"Não é o momento para falar disso", escudou-se Sérgio Conceição, após o dérbi no Bessa, quando confrontado sobre a infração disciplinar de Marchesín, Saravia, Uribe e Díaz, que permaneceram numa festa em casa do médio para lá da hora do recolher obrigatório. Os quatro ficaram imediatamente de fora das opções do jogo com o Boavista e, algumas horas depois desse desafio, já estavam no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, prontos a viajar para as respetivas seleções, a argentina, no caso de Marchesín e Saravia, e a colombiana, no de Uribe e Díaz. Todos eles se recusaram a falar à Comunicação Social, sendo que o médio foi o único que pediu desculpa pelo sucedido e através das redes sociais. O JN sabe, no entanto, que equipa técnica e plantel falaram do assunto, no sábado, antes da conferência de Imprensa de Sérgio Conceição. Por definir estará a pena a aplicar-lhes, mas tudo indica que não se livrarão de uma multa.