"Respira miúdo! Respira!": A minissérie documental sobre os 20 anos de Ronaldo na Seleção Nacional
Para celebrar os 20 anos de Cristiano Ronaldo na Seleção Nacional, a Federação Portuguesa de Futebol realizou um documentário, transmitido pelo Canal 11, sobre o percurso de CR7, intitulado “Respira miúdo! Respira”. A estreia pelos AA aconteceu a 20 de agosto de 2003, contra o Cazaquistão.
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O primeiro episódio da minissérie documental conta com os testemunhos de dirigentes, treinadores e colegas do capitão da Seleção, como Luiz Felipe Scolari, Costinha, Pauleta ou Hélder Postiga. O título do documentário deve-se à já alta intensidade de CR7, que fazia com que os colegas lhe pedissem para “respirar”.
Cristiano Ronaldo, então com 18 anos, foi ao torneio de Toulon (sub-20), que Portugal ganhou e onde o português foi o melhor jogador da competição. Esse foi o grande ponto de viragem na carreira do jogador, que passou de não ser convocado para a seleção sub-19, em julho de 2003, a ir a Toulon conquistar um troféu, em agosto, com uma prestação que ajudou à transferência para o Manchester United. Mais tarde, no mesmo ano, foi chamado à Seleção Nacional, por Luiz Felipe Scolari.
“Quando o meu adjunto Murtosa o viu, disse-me que era um autêntico ‘cavalo’ pela intensidade que tinha. Chamou-lhe um fenómeno, mas eu disse-lhe para ter calma porque nessa altura já tínhamos grandes jogadores para aquela posição como Luís Figo ou Quaresma. Na altura não sabia a dimensão que teria, mas sabia que estava ali um jogador diferente. Tinha muita personalidade”, recorda o ex-selecionador.
Costinha destaca o profissionalismo do miúdo de 18 anos. "Já na altura ele queria ser o melhor do Mundo. Tinha uma mentalidade de profissional desde muito cedo e comparo-o muitas vezes ao Quaresma porque tinham os dois um grande talento, mas o Cristiano quis ser profissional desde mais cedo e o Quaresma só mudou para essa mentalidade mais tarde”, explica Costinha.
A grande apetência para o drible chegava a irritar os colegas, que lhe pediam insistentemente para cruzar, mas Cristiano Ronaldo fazia questão de mostrar toda a qualidade técnica que possuía. “Nós dizíamos para ele chegar à linha e cruzar porque senão estávamos sempre a desperdiçar movimentos ofensivos. Ele dizia ‘está bem’, mas nas jogadas a seguir fazia o mesmo”, conta divertido Pauleta.
A primeira grande competição de Cristiano Ronaldo foi o Euro 2004, que Portugal perdeu na final, e a derrota inicial, também com a Grécia, foi o mote para uma excelente prova portuguesa. A primeira titularidade aconteceu no terceiro jogo da fase de grupos, contra a Espanha, depois de ter surgido como suplente utilizado nos dois primeiros encontros. A reportagem mostrou os pontos altos dessa caminhada, como o jogo contra a Inglaterra, nos quartos de final, onde a equipa lusa venceu nos penáltis, com destaque para a “Panenka” de Hélder Postiga e o golo triunfal de Ricardo.
Após a derrota na final, quando todos pensavam que a Seleção Nacional tinha perdido a grande oportunidade de conquistar um título, a resposta de Cristiano Ronaldo, então com 19 anos, foi ilustrativa da mentalidade vencedora. “Esta não foi a última mas a primeira de muitas oportunidades que surgirão”, relembra Carlos Godinho, team manager de Portugal à altura.
Os hábitos competitivos de CR7 foram amplamente salientados nos testemunhos e Costinha recordou a dedicação ao trabalho de ginásio. “Ele ia-me bater à porta duas horas antes do treino para eu ir ao ginásio com ele. Treinava com pesos, fazia musculação... se depois no treino com bola sentisse que não conseguia discutir os lances com o jogador mais forte, como o Fernando Couto, triplicava o peso no dia seguinte”, recordou.
Tudo isto demonstra que Cristiano Ronaldo já tinha algo de especial, desde muito cedo, e a estreia na Seleção Nacional, a 20 de agosto, de 2003, foi o ponto de partida da história do maior jogador português de sempre.