Rui Borges e a polémica nos Açores: "Sou tudo menos mentiroso. Não tinha visto o lance, vi no avião"

Rui Borges, treinador do Sporting
Foto: Filipe Amorim/EPA
A antevisão de Rui Borges para o jogo frente ao V. Guimarães, no D. Afonso Henriques, ficou marcada pela arbitragem contra o Santa Clara, nos Açores, e com as explicações do técnico leonino para não ter visto o lance.
"Infelizmente, vivemos numa sociedade que é triste em alguns momentos, porque há muita falta de respeito para com o Sporting e o treinador. Felizmente tive uma boa educação dada pelos meus pais, com muitos valores. Deixa-me triste, porque sou tudo menos mentiroso. Não tinha visto o lance, vi no avião. Nós em casa temos dois tablets, se tiverem atentos, um da transmissão da Sport TV e outro do nosso canal aberto. Em ângulo aberto é impossível ver as imagens, ele serve mais para cortes para ajustar um ou outro comportamento. E foi isso que aconteceu no Santa Clara. A imagem está lá, mas é um ângulo aberto. Não se consegue analisar. Como perderam tempo a procurar uma imagem disso, podiam também olhar que em algum momento o treinador disse aos jogadores que não dava para ver", começou por esclarecer, num discurso onde deixou uma interpretação do lance.
"Estive 12 minutos sentado à espera de uma decisão. As pessoas quando falam é tudo a adivinhar. Fico triste, porque vivemos numa sociedade que se alimenta muito em alguns momentos de ódio. Há muita gente no futebol com a memória curta e seletiva. Em relação ao lance, eu vi. Já aconteceu várias vezes noutros jogos e é o critério do árbitro. O meu capitão diz que há toque, vê-se, depois fica ao critério. Nalguns lances já marcaram, noutros não", acrescentou, explicando mais à frente a questão dos dois tablets.
"Não conseguimos Internet, porque é lenta, e não temos transmissão. Tirando os jogos da Liga dos Campeões, porque tem a ver com a UEFA... Nos Açores, o tablet era a nossa câmara. Aqui, no Sporting, é por cabo, de ângulo aberto, mas é da FPF ou da Liga. E, depois, temos a transmissão da Sport TV, em direto, onde conseguimos ver repetições. No outro, não, tem a ver com os cortes. Em nenhum jogo fora conseguimos ter os dois, se conseguimos não me lembro. Só temos o ângulo aberto, que é a nossa filmagem. A imagem é de longe. Por mais que se faça zoom, é impossível. Podia chegar aqui e debitar coisas que se calhar me dizem, e não o faço. Sou honesto e sincero a falar. Às vezes, pago por isso, mas é o que é. Vamos aprendendo e crescendo".
Quando questionado se esta temporada vai ficar marcada pela arbitragem, o técnico dos leões foi curto e claro: "Não vou entrar no discurso de ódio. Nós devemos valorizar muito mais o nosso futebol do que torná-lo negativo. É Luís Pinto e Vitória de Guimarães", disse, naquele que antevê como um regresso especial.
"Faz um ano em que joguei em casa do Vitória. É especial para mim, é um clube que me diz muito. É muito graças ao Vitória que estou aqui, hoje, a representar o Sporting. É um jogo especial, difícil, tal como na época passada. É um campo muito difícil, o ambiente é especial e só quem passa lá percebe que é especial. O público faz a diferença. Notou-se, na época passada, quando fui lá em representação do Sporting. Tínhamos o jogo controlado e virou totalmente, em dez minutos. O Vitória é um bocado nisso, essa paixão especial que acaba por galvanizar, a qualquer momento, a equipa. É um Vitória diferente, mais jovem. O Luís está a fazer um excelente trabalho, está cada vez melhor no seu jogo, na sua maturidade", afirmou.
"Tirando este jogo da Taça, era uma equipa que vinha de seis jogos com cinco vitórias e um empate, penso eu. Vinha num crescendo de confiança, nessa maturidade crescente. É uma dificuldade grande, apesar de tudo. Em casa, tirando o jogo com o AVS na Taça, só perdeu com o Benfica. É a única equipa que venceu o F. C. Porto internamente. Dita bem daquilo que é o Vitória e a equipa que vamos encontrar amanhã", completou.

