Fernando Santos tem contrato até 2024 e os valores dos salários até ao fim do vínculo ascendem a quase quatro milhões de euros.
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O selecionador garantiu, após o jogo com Marrocos, que não vai demitir-se do cargo, mas admitiu que o futuro e o balanço da participação da equipa das quinas no Mundial 2022 vão ser discutidos com Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Caso o organismo decida dispensar de imediato os serviços de Fernando Santos, o treinador terá direito a receber o valor total do contrato, o qual termina em julho de 2024. Com um salário de 2,5 milhões de euros anuais, o qual é distribuído pelos elementos da sua equipa técnica, o valor da indemnização pode chegar aos 3,75 milhões. Um número importante e que pode ter peso nas contas da FPF.
Vencedor do Campeonato da Europa em 2016 e da Liga das Nações em 2019, a imagem de Fernando Santos desgastou-se nos últimos anos em virtude de resultados aquém das expectativas no Mundial de 2018, no Euro 2020 e também na competição que ainda decorre no Catar. Além disso, o estilo defensivo e as polémicas relacionadas com Cristiano Ronaldo são outros fatores que não ajudam à continuidade, podendo, por isso, haver espaço para uma mudança.
Durante o torneio, Fernando Gomes, líder do organismo federativo, esteve sempre perto dos jogadores, mas manteve uma posição discreta, evitando o contacto direto com a Comunicação Social.
Com o futuro em aberto, pelo menos no lado da FPF, já que Fernando Santos considera ter condições para continuar, a decisão não deve passar desta semana. Presidente desde 2010, Fernando Gomes nunca escondeu a predileção pelas qualidades técnicas e humanas do selecionador, mantendo-o no cargo desde 2014, mas o atual período exige reflexão. No Mundial de 2018 e no Euro 2020, Portugal caiu nos oitavos de final, uma fase demasiado prematura para as esperanças portuguesas e, já neste Mundial, a ambição de chegar à final era notória, mas acabou por ser eliminado frente a Marrocos, a primeira seleção africana de sempre a atingir as meias-finais.
No seu percurso na Cidade do Futebol, Fernando Gomes teve de chegar a acordo com Paulo Bento em 2014, que deixou a seleção nesse período, e com Carlos Queiroz, que apesar de não ter sido despedido na sua presidência, teve direito a uma indemnização, após um litígio com a FPF que durou dois anos.
Oito treinadores abandonaram após eliminação
O Mundial já deixou marcas em oito selecionadores que abandonaram o cargo após as respetivas seleções serem eliminadas do torneio. A lista é composta por alguns nomes de peso como Van Gaal (Países Baixos), Luis Enrique (Espanha), Tite (Brasil) e Roberto Martínez (Bélgica), mas também pelos portugueses Paulo Bento (Coreia do Sul) e Carlos Queiroz (Irão). Também abandonaram os cargos Gerardo Martino (México) e Otto Addo (Gana). Um dos nomes apontados à linha de sucessão de Tite é o português Abel Ferreira, técnico do Palmeiras.
Por dentro
Saldo positivo
Fernando Santos soma 104 jogos como selecionador nacional e tem um registo positivo e recheado com as conquistas do Euro 2016 e da Liga das Nações 2019. De 2014 até agora tem 64 vitórias, 23 empates e 17 derrotas.
Final de mandato
Fernando Gomes chegou à Federação em 2010 e está a cumprir o último mandato, que termina em 2024. Caso opte por escolher um novo selecionador, este facto poderá ter influência na duração do contrato.