O seleccionador de canoagem, Ryszard Hoppe, considerou hoje "um escândalo" a federação ser apenas a 23.ª em termos de apoios do Estado português, considerando esse facto "uma brincadeira" face ao seu "êxito ímpar".
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"Para mim - e para os seleccionadores dos outros países de canoagem - é um escândalo isto que se passa em Portugal. Vocês não valorizam o mérito? Nos últimos anos fartámo-nos de ganhar medalhas. Este ano já vamos em 20! O que mais querem?", desabafou.
Em declarações à Lusa, o técnico de origem polaca exortou o poder central a "fazer justiça e apoiar mais a modalidade", pois defende que "não há em Portugal outro desporto com este potencial" - em causa está o apoio ao alto rendimento e selecções nacionais, bem como o desenvolvimento da pratica desportiva e enquadramento técnico.
"Temos êxito nos seniores, nos sub-23 e nos juniores. Temos presente e teremos futuro. Selecções de 20 atletas vêm com sete ou oito treinadores. Em Zagreb, a de Portugal, tem apenas dois para os 18 que aqui estão. E a culpa não é da federação, que tem excelente gestão e faz uma grande ginástica com os parcos recursos que dispõe", acrescentou.
Ryszard Hoppe é peremptório: "Este é um dos problemas do desporto em Portugal. Não se valoriza o mérito em termos de apoios. Apenas palavras e palmadinhas nas costas. Mas o êxito custa muito. Leva anos a construir. Trabalho com uma equipa fantástica - direcção, treinadores, atletas - e toda esta gente merece mais. Muito mais".
Vítor Feliz, dirigente da federação que lidera a comitiva em Zagreb, fez um "balanço final extremamente positivo, com quatro medalhas que permitiram ultrapassar o recorde de 17 em 2010, ampliando-o para 20".
"Não podemos esquecer que o nosso grande objectivo é o apuramento olímpico, nos mundiais de Agosto, onde queremos conquistar algumas medalhas, tal como em outras especialidades cujos campeonatos do mundo ainda se vão realizar", vincou.
O dirigente destacou ainda o facto de terem sido "os juniores, de quem menos se esperava, a brilhar, uma vez que os sub-23 têm valor e potencial para mais".
* Agência Lusa