O treinador do F. C. Porto, Sérgio Conceição, fez a antevisão do duelo desta quarta-feira com o Arouca, dos oitavos de final da Taça de Portugal, depois do empate frente ao Casa Pia, que deixou os dragões a sete pontos do líder do campeonato, o Benfica, e admitiu que também tenta encontrar a razão, e o antídoto, para a oscilação exibicional. O técnico portista avançou que vai repetir o onze utilizado no Jamor, à exceção do guarda-redes, e a escolha do espanhol Roberto Martínez para selecionador nacional é uma não questão - "o que interessa é a competência e não a nacionalidade".
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A formação arouquense regressa ao Dragão, duas semanas depois de ali ter sido goleada (5-1) para o campeonato, mas o técnico não espera facilidades na luta por um lugar nos quartos de final da prova rainha.
"Espero encontrar o Arouca competente, a fazer excelente trajeto tanto nas taças como no campeonato. É a eliminar, temos de, no mínimo, ser a mesma equipa que fomos no jogo do campeonato", afirmou Conceição, antes de ser questionado se a equipa arouquense poderá apresentar uma postura mais defensiva do que no jogo da Liga portuguesa.
"Temos de olhar com humildade para o adversário, perceber os pontos fortes que tem, mas por vezes tendem a mudar a estratégia e a dinâmica, defensiva e ofensivamente. Não podemos adivinhar, mas temos de nos preparar para qualquer eventualidade. Temos de estar no nível máximo, e tem sido muito mais as vezes que temos estado bem do que menos bem", destacou o treinador, antes de abordar a oscilação exibicional da equipa.
"A preparação dos jogos tem sempre grande entusiasmo, competência, mas há dias em que as coisas não correm tão bem. A energia positiva tem a ver com o andarmos sempre no limite, nos diferentes momentos do jogo. Defensivamente [contra o Casa Pia], estivemos superequilibrados, não fez um remate enquadrado, tivemos cerca de 75% de posse de bola, 15 remates na segunda parte. Fiz um jogo contra o City, na Champions, tivemos de defender: eu fui muito criticado, mas nos outros é competência e já estamos habituados a isso. Se não estamos no máximo do nosso potencial, é difícil ganhar jogos. Contra nós, as equipas fecham-se bem e torna tudo mais difícil no último terço. Nós trabalhámos, foi um jogo menos conseguido, mas a preparação do mesmo foi a mesma", analisou.
A orelha do defesa e a bota do guarda-redes
O empate no terreno do Casa Pia surgiu depois de três jogos em que o F. C. Porto entrou praticamente a ganhar e Conceição assumiu que a oscilação das exibições tem sido alvo de preocupação.
"Como em tudo na vida, também no futebol há dias melhores e outros piores. Espero que, amanhã [quarta-feira], a equipa esteja melhor e que haja uma pontinha de sorte, que a bola não bata na orelha de um defesa, ou na ponta da bota do guarda-redes", pediu, antes de voltar a realçar que o empenho dos atletas não está minimamente em causa.
"Também faço esse exame de consciência [sobre a diferença nas exibições]. Olho para algumas situações que não têm sido normais. Depois de bons jogos e bons resultados, como contra o Sporting e o Brugge, perdemos em Vila do Conde e empatámos nos Açores. Há jogos em que a qualidade e a beleza do jogo pode não ser a melhor, mas temos de dar uma resposta. Estamos atentos a isso para sermos mais consistentes e encontrarmos solidez para acabarmos a época só com uma derrota como no ano passado. Procuramos eficácia máxima em tudo, ganhar sempre e ir à procura de uma perfeição que não é fácil. Olhamos para a questão individual e talento dos jogadores, mas temos de ter sempre aquele brilho no olho, a questão emocional", acrescentou.
A terminar, Conceição comentou a escolha de Roberto Martínez para selecionador nacional e não deixou de fazer um reparo a uma característica bem nacional: "Faz parte da cultura portuguesa ir atrás de algo que não está bem. Para mim, o que conta é a competência e não a nacionalidade".