Boavista, Leixões e Länk Vilaverdense devem mostrar uma "resposta à altura das exigências do momento", frisou o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), face aos salários em atraso naqueles clubes.
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"É um facto que existe incumprimento salarial, que isso causa impacto na vida pessoal e familiar dos jogadores e que põe em causa a própria credibilidade das competições. Os futebolistas têm dado respostas e estão disponíveis, mas é preciso haver diálogo sério e responsável. Quando os clubes não conseguirem efetuar isso, têm de ser as entidades competentes a exigirem que o façam", indicou, à agência Lusa, Joaquim Evangelista, líder do SJPF.
Na quarta-feira, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) tinha informado que o Boavista, da Liga, e o Leixões e o Lank Vilaverdense, ambos do segundo escalão, não tinham cumprido a obrigação de demonstrar, até 15 de dezembro, a inexistência de dívidas salariais nas respetivas estruturas quanto aos meses de setembro, outubro e novembro.
"Estamos a falar de uma condição básica para estar numa competição profissional. Nós fizemos um esforço enorme durante anos para acabar com os incumprimentos salariais. Estes clubes não podem vir a pôr em causa tudo o que foi feito. Não é aceitável para os futebolistas e para os trabalhadores, em primeiro lugar, nem para os demais adversários que estão em prova. É um tema urgente e sério. Há clubes historicamente associados a este problema, pelo que é preciso encontrar soluções imediatas para o caso", advogou Evangelista.
As três sociedades desportivas têm agora um prazo adicional de 15 dias para regularizar a situação junto de futebolistas e treinadores, sob pena de, segundo o Regulamento Disciplinar da LPFP, receberem uma subtração de dois a cinco pontos nas provas em que competem.
"A LPFP já tem conhecimento disso, nós estamos articulados, está a decorrer o controlo financeiro e é necessário que Boavista, Leixões e Lank Vilaverdense façam um esforço, principalmente neste período de Natal, que é muito sensível para as famílias", observou Joaquim Evangelista, que vai estando em articulação com os capitães de cada equipa.
Em setembro, Boavista e Lank Vilaverdense já tinham necessitado de um período extra para demonstrarem a inexistência de dívidas nos meses de maio, junho, julho e agosto.
Os portuenses chegaram a anular dois treinos no fim de semana de 30 de setembro e 1 de outubro, com base nas exigências salariais feitas pelos profissionais do departamento médico e pelos funcionários do Estádio do Bessa, que têm mais de três meses em falta.
"A situação modificou-se radicalmente. Não é recorrente haver incumprimento salarial no futebol português, mas há clubes que levam isto ao limite. Tem a ver com a sua própria gestão e com o respetivo histórico a nível financeiro, pelo que usam algumas habilidades para contornar o sistema. Temos procurado melhorar o controlo financeiro e as regras do licenciamento. Agora, mesmo que esteja a funcionar a 100%, não é possível garantir que este incumprimento não suceda pelas vicissitudes da própria economia. Temos de estar preparados para que isso aconteça e antecipar os problemas", concluiu o líder do SJPF.
O Boavista, que esteve impedido pela FIFA de inscrever novos futebolistas na janela de transferências de verão, devido a dívidas, ocupa a 11.ª posição da Liga, com 16 pontos, mais cinco face à zona de despromoção, ao passo que o Leixões é 16.º e antepenúltimo classificado da Liga 2, com 14 pontos, quatro acima do Lank Vilaverdense, 18.º e último.