Negócio com o BCP permitiu um desconto de 83% em relação ao preço inicial. Leões também pretendem negociar as restantes VMOC, na posse do Novo Banco.
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Frederico Varandas, um dia antes de ser reeleito presidente, anunciava a recompra dos Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) que estavam na posse do BCP, naquele que considerou ser "um dia histórico" para o clube, pois recuperava, assim, a maioria do capital da SAD. Os títulos haviam sido emitidos em duas fases, em 2010 e 2014, e venciam em 2026, numa altura em que se tornariam ações da SAD leonino e, consequentemente, tornariam o BCP acionista da sociedade. Os 83,417 milhões de títulos tinham um valor nominal de 1 euro, portanto, o negócio inicial da recuperação destes far-se-ia por 83,417 milhões de euros. Em 2019, na sequência de uma reestruturação financeira, a valorização passou a ser de 30 cêntimos, traduzida para um valor total de cerca de 25 milhões de euros.
No entanto, a administração leonina foi mais longe no negócio com a entidade bancária e, conforme está escrito no comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, cifrou-se nos 16,8 cêntimos por título, perfazendo um total de 14,014 milhões de euros. Contas feitas, a poupança foi de quase 69,5 milhões de euros em relação ao valor inicial e de 11 milhões tendo em conta a reestruturação de 2019.
Ao ECO, fonte do BCP explicou que o acordo foi feito para que o banco possa "cortar definitivamente a exposição aos clubes de futebol", salientando que "os ativos, créditos, VMOC e todas as exposições do Sporting passíveis de serem alienadas foram colocadas em mercado junto de investidores institucionais num processo estruturado, que permitiu definir o preço que minimiza as perdas do BCP".
De resto, o Sporting segue em negociações com o Novo Banco para tentar acordo semelhante para os 51,5 milhões de títulos detidos pela instituição, pois não houve entendimento na primeira abordagem.
Reações
José de Pina, humorista e adepto do Sporting: "A banca está a tentar fazer gestão de danos do que investiu. O Sporting aproveitou, mas podia ter sido outro clube ou algum dos grandes devedores. É o mercado a funcionar"
Gaspar Ramos, antigo dirigente do Benfica: "É natural que Benfica e F. C. Porto se sintam prejudicados de forma indireta, porque o Sporting tendo problemas financeiros acaba por moderá-los mantendo a competitividade"
Carlos Abreu Amorim, ex-deputado do PSD e adepto do F. C. Porto: "Há uma conclusão que se pode tirar: há uma tendência quase inexorável da banca portuguesa de auxiliar de uma forma ternurenta, quase maternal, os dois clubes de Lisboa"