Basket Clube de Gaia está em crescimento no basquetebol adaptado após a conquista da Supertaça
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Vila Nova de Gaia "O desporto permite-nos sentir melhor com o facto de termos um corpo e capacidades diferentes". É assim que Pedro Bártolo, jogador e treinador do Basket Clube de Gaia, destaca o impacto do basquetebol em cadeira de rodas (BCR) na vida dos atletas com deficiência física. A modalidade começou no clube há cinco anos, quando o presidente Rui Dias viu Pedro Bártolo a exercitar-se. Depois de uma troca de ideias, o sonho passou para a prática. "Em 2016, eu jogava em Espanha e viajava para lá todas as quintas-feiras, regressando ao fim-de-semana para conseguir treinar aqui. Tínhamos três atletas, fomos dando alguns passos e agora temos 18", disse ao JN Pedro Bártolo, atual treinador e jogador do Basket Clube de Gaia.
As equipas de basquetebol em cadeira de rodas não são premiadas pela Federação Portuguesa de Basquetebol pelos títulos conquistados, mas sim pela "capacidade de promover o espetáculo". No caso da equipa gaiense, a Junta de Freguesia de Grijó e Sermonde e a Câmara Municipal de Gaia apoiam o clube na cedência do pavilhão, realização de torneios e compra de material. A modalidade é patrocinada por empresas que comercializam produtos direcionados para pessoas com deficiência, mas há alguma dificuldade em encontrar outro tipo de patrocinadores, porque estes "não vêem grande retorno em investir". "Não há um apoio estruturado, apenas pontual, e as equipas não crescem. No estrangeiro, os patrocinadores têm retorno imediato porque as pessoas com deficiênca são mais visíveis, há mais audiência", explicou Pedro Bártolo.
"Costumo dizer que Portugal é um cemitério de projetos desportivos, a aposta é nula nas modalidades coletivas", começou por referir o atleta. "Quando jogava em Espanha, abordavam-me porque me viam na televisão. Em Portugal existe um anonimato das figuras paralímpicas". A crítica ao atual contexto desportivo também é feita por Rui Dias, presidente do Basket Clube de Gaia, pois acredita que se perdem atletas talentosos porque "as pessoas só olham para o futebol". "No basquetebol em cadeira de rodas temos algum apoio por solidariedade, eu solicito patrocínios para o basquetebol convencional e não os consigo", conta.
A 5 de outubro, o Basket Clube de Gaia conquistou o primeiro título na modalidade, ao vencer a Supertaça. "Foi especial ver estes atletas que eu formei e conheci em jovens a afirmarem-se numa final", revelou Pedro Bártolo, "É uma batalha diária e mensal, nunca há garantias de nada, mas tenho a esperança que a semente que deixámos na comunidade dê frutos", concluiu.
Oito equipas em liga competitiva
O Basket Clube de Gaia compete na 1.ª Divisão de basquetebol em cadeira de rodas. O campeonato é constituído por oito equipas (Leiria, Sintra, Braga, Lisboa, Paredes, Alcoitão, Lousavidas e Basket Clube de Gaia), que também participam na Taça de Portugal. Para a prática deste desporto, os atletas necessitam de utilizar cadeiras de rodas diferentes das comuns, adaptadas à prática desportiva. Custam 4000 euros, são mais robustas, exigem menos força para os movimentos e oferecem mais equilíbrio e agilidade.
Bilhete de Identidade
Basket Clube de Gaia
Fundação: 2011
Local de jogos: Pavilhão Dr. Manuel Ramos, em Grijó
Atletas de BCR: 18
Palmarés: 1 Supertaça (2021)