Luís Paiva está na Nova Zelândia há três anos. Rendeu-se ao civismo e apaixonou-se pela comida... indiana.
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Pelas vinhas nas margens do rio, Central Otago "faz lembrar um bocadinho o Douro", mas as parecenças com Portugal ficam-se por aí. O que de estranho tem pouco, tendo em conta uma distância de 20 mil quilómetros e um fuso horário de 12 horas. "Para quem vem do Porto, inicialmente é um choque, mas acabas por habituar-te". E Luís Paiva habituou-se. À Nova Zelândia, em geral, e à pequena Invercargill, em particular. Ou não estivesse ele por lá vai para três anos.
Ainda hoje, o treinador português se surpreende com "a beleza natural", mas foram as pessoas e o contexto social que mais o chocaram. No melhor dos sentidos. "A simpatia, a gentileza, a educação para com os outros e para com o ambiente... Na maioria das cidades, por exemplo, as crianças vão para a escola a pé ou de bicicleta, porque é seguro e há toda uma educação cívica para que isso seja possível", realça o treinador português. "Especialmente para quem tem família, não acredito que haja um lugar melhor para viver. É um estilo de vida único", acrescenta.
Ultrapassados estão ainda os tempos em que Luís Paiva ficava "uma hora agarrado ao telefone" a ouvir como a mãe lhe dizia como cozinhar. Agora já se desenrasca sozinho, mas quando a preguiça aperta, a Nova Zelândia também arranja soluções alternativas. "Aqui, há de tudo e a carne é muito boa, mas a minha primeira opção é a comida indiana. E nunca a tinha provado antes de vir para cá", completa.
Futebol trocado por... patos
Visto o contexto social, não é de espantar que o futebol também apanhe por tabela com tanto relaxamento. As prioridades são quase sempre outras e "a maioria dispensa bem a competitividade". Ao ponto de até os patos serem mais apetecíveis. "Já aconteceu sermos contactados por outros clubes a pedir para adiar jogos porque não tinham jogadores suficientes para jogar. É que nesse fim de semana acontecia a abertura da temporada de tiro aos patos e a maioria ia dar uns tiros", recorda Luís Paiva, entre risos. "A forma como eles encaram o desporto é ímpar. Se nós, às vezes, ultrapassamos os limites da competitividade, aqui tens que te ajustar e encontrar o ponto de equilíbrio, se não vais acabar frustrado", explica.
Passe Curto
Nome: Luis Miguel Gonçalves Paiva
Clube: Southland Football
Idade: 32 anos (19/08/1985)
Função: Treinador