Uma marca, dois modelos, a estrada e a montanha

Comecemos pela estrada. Se pudéssemos escolher apenas uma razão para ter gostado de testar as Skechers GOrun 5, apontaríamos o seu peso: 212 gramas nos modelos masculinos, 178 nos femininos, que tornam qualquer corrida simplesmente mais fácil. Mas um sapato de corrida não se faz apenas de peso. Nem de qualidades.

A divisão de performance da marca decidiu apostar em três linhas para fazer evoluir as GOrun 4, consideradas as melhores de 2016 pela "Runner"s World": o reforço da tecnologia 5gen para a entresola, uma patilha no topo do calcanhar para puxar ao calçar a sapatilha e um material bastante melhorado para a parte de cima da sapatilha.

Nos pés, efetivamente, a primeira coisa que se nota (e já arrumamos a leveza, é imbatível) é o conforto proporcionado pela elevada entresola. O impacto da passada é quase totalmente absorvido, embora ao cabo de alguns quilómetros a parte dianteira do pé (do nosso) tivesse gostado de amortecimento extra (o que pode simplesmente decorrer do tipo de passada e não de uma característica da sapatilha, entenda-se). Com uma diferença de 4 mm entre o calcanhar e os dedos, a sapatilha está muito próxima da passada natural.

Já a tecnologia Mid-foot Strike parece tornar a passada algo mais reativa, sem contudo nos colocar a voar sobre o asfalto. Quanto à aderência, nada a apontar, até onde nos foi dado ver.

Quanto ao tecido, é em malha respirável, de desenho muito agradável e sem costuras visíveis, fora e dentro, o que também contribui para o conforto. Aqui, a marca melhorou modelos anteriores introduzindo tiras de suporte interno que evitam a sensação de pé demasiado solto. E estreitou ligeiramente a forma, tornando a sapatilha mais estável no pé, ainda que mais apertada. Em testes anteriores, o material demasiado maleável facilitava torções. Continua, contudo, a parecer uma sapatilha mais quente do que outras marcas.

No geral, podemos dizer que é uma opção extremamente confortável e que não incomoda o pé à primeira abordagem. E todos sabemos como são aborrecidas as primeiras abordagens.

Resta dizer que o preço das GOrun 5 transforma-as numa escolha decididamente boa face à concorrência: 109.95 euro

Passemos à montanha. A primeira coisa que se pede a uma sapatilha de trail? Aderência. Ponto. O resto vê-se depois. Ora o mais recente modelo de calçado de trail da Skechers, GOtrail, conseguiu um bom compromisso entre a aderência e o conforto. A borracha da sola cumpre bem a função, sem ser pesada, nem trazer demasiada rigidez ao sapato. Numa corrida de montanha que nos levou por vários terrenos, de pedra solta a lajes de granito, passando por leitos de riachos e lama, anotámos apenas um ligeiro sobressalto num granito esverdeado, o que nos parece que teria acontecido com qualquer sapatilha.

O material da entresola é o mesmo das GOrun 5, oferecendo um excelente amortecimento: não se sente uma ou outra aresta ou pedra mais bicuda sob a planta do pé, o que agradecemos. Como já referido para o modelo de estrada, o material usado permite tornar a sapatilha muito leve - 272 gramas para homens, 204 para senhoras -, num peso que é superior ao do sapato de estrada devido ao reforço da parte superior.

E é aqui que colocamos algumas reservas: o modelo é anunciado como mantendo a temperatura e a respiração do pé, enquanto repele a água (tecnologia GOtherm 360 tm e proteção H2GO). A entrada de água é efetivamente mínima, mas a temperatura sobe muito rapidamente e, aí sim, mantém-se. A respirabilidade também não é extraordinária.

De relevar a proteção frontal, que passou incólume num galho hirto e cortante e protegeu o dedão de um belo corte.

O desnível de 4mm entre o calcanhar e os dedos torna a passada confortável e os atacadores elásticos evitam os apertos quando o pé começa a inchar.

O preço, quanto a ele, é standard e, como com as GOrun 5, tem algum peso na escolha: 109.95euro.