V. Guimarães acusa André Villas-Boas de especular sobre antecipação de receitas
André Villas-Boas, presidente do F. C. Porto, falou esta sexta-feira, à margem do Portugal Football Summit, sobre os investidores de sociedades desportivas de clubes portuguesas que antecipam a receita de direitos televisivos, mencionando o caso do V. Guimarães. Os vitorianos não gostaram das palavras do dirigente portista, acusando-o de "especular", e emitiram um comunicado, reprovando-as.
Corpo do artigo
"O senhor presidente do F. C. Porto, André Villas-Boas, resolveu especular nesta sexta-feira, no Portugal Football Summit, sobre o risco de os investidores das sociedades desportivas dos clubes portugueses anteciparem a receita dos direitos televisivos, já num futuro contexto de centralização, citando a esse respeito o Vitória Sport Clube. Em relação à gestão do Vitória Sport Clube e à existência de um investidor na sua Sociedade Desportiva, o senhor presidente do F. C. Porto não precisa de se preocupar. Apesar de entendermos o interesse no Vitória Sport Clube, dispensamos intromissões exteriores, sobretudo com falta de conhecimento. A Sociedade Desportiva do Clube tem a V Sports como parceiro, um grupo sólido, credível e com provas dadas no mundo do desporto e que está longe de ser uma ameaça conforme aponta a narrativa que o presidente do F. C. Porto quis fazer passar. Temos uma administração que zela permanentemente pelos superiores interesses do Vitória Sport Clube e todas as decisões estruturais tomadas pelo atual Conselho de Administração da SAD são sempre apreciadas e votadas em assembleias gerais pelos nossos associados, uma vez que o clube continua a ser maioritário no capital social da SAD. De resto, não decalcamos gestões de outras SAD", escrevem os vimaranenses.
"A atual administração da Vitória Sport Clube, Futebol SAD tem ainda a noção de que a centralização dos direitos televisivos não tem como propósito antecipar receitas - tem como finalidade corrigir desigualdades históricas e criar um modelo mais justo de distribuição, o que favorecerá o espetáculo desportivo. É um modelo que permitirá ao futebol português crescer de forma equilibrada, atrativa e sustentável, com maior capacidade de captar, formar e reter talento. E o Vitória Sport Clube está muito longe de ser periférico neste ecossistema. Pelo contrário, é um dos motores de credibilidade, formação e identidade do futebol nacional", lê-se ainda.
Eis o que disse André Villas-Boas, esta manhã: "Nos últimos 10 anos, 50% das sociedades desportivas portuguesas sofreram injeção de capital estrangeiro. E dando aqui um exemplo, 30% do V. Guimarães foi comprado por 5,5 milhões de euros. Se pensarmos numa centralização onde vai haver, esperemos nós, uma injeção de capital, se uma entidade antecipa esse capital de direitos televisivos para determinado investidor, quem é que nos diz que esses investidores não recolhem o seu investimento e desaparecem? Podemos estar sujeitos a um pressuposto 'el dorado' para determinados investidores que estão atualmente nas outras sociedades desportivas, que encaixam financeiramente a partir do seu investimento e desaparecem do futebol português, deixando os seus clubes na miséria."