André Villas-Boas e Michele Montesi, presidente e Chief Strategy Officer do F. C. Porto, respetivamente, estiveram à conversa num evento durante o Mundial de Clubes, em junho, que foi agora disponibilizada pela Columbia Business School. O presidente portista garante que a maioria dos problemas financeiros estão resolvidos.
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"Foi um período muito sensível no clube. Estamos a falar de uma pessoa [Pinto da Costa] que transformou o clube e que fez do F. C. Porto o que é neste momento. Vencemos duas Ligas dos Campeões, duas Taças UEFA e um número incrível de troféus, não só no futebol, mas também nas modalidades. Somos um clube eclético. Mas senti que era tempo de impulsionarmos o clube, que estava num estado de ruína financeira. Senti que era tempo de modernizar o clube, levá-lo a outro nível e continuar a expansão internacional, ganhando títulos claro, com uma equipa competitiva", começou por dizer.
O presidente do F. C. Porto revelou que "algumas das operações que fez salvaram o clube", caso contrário teria sido vendido a um fundo de investimento ou a um fundo privado, anunciando ainda um plano de expansão para conseguir aumentar o número de sócios, "não só na região do Porto, como também pelo Mundo fora".
Detalhou aos presentes a situação financeira dos dragões. "Quando tomámos posse, havia oito mil euros em todas as contas. Tínhamos duas semanas para pagar 12 milhões de euros e conseguimos amealhar 15 através de um empréstimo. Depois, via JP Morgan, concluímos a operação Dragon Notes e angariámos 115 milhões, baseado nas receitas do estádio. Criámos a Porto Stadco, que basicamente engloba todo o valor comercial do clube e ativos do estádio. Angariámos 115 milhões aí para os próximos 25 anos a 5%. E vendemos 30% dessa empresa por 60 M€. Em 12 meses, angariámos 200 milhões em transferências de jogadores, portanto desinvestimos na equipa, por isso terminámos em terceiro lugar, mas salvámos o clube da bancarrota total".
O F. C. Porto estava sob ameaça de suspensão das provas da UEFA e agora admite "investir em novas infraestruturas para continuar a desenvolver jovens jogadores". Villas-Boas acredita que encontrou estabilidade financeira e já tem condições para operar, como se está a verificar neste mercado de transferências, o mais dispendioso da história da formação azul e branca.
Disse que sempre teve o pressentimento de ser presidente do clube de coração. "Tinha uma espécie de sensação de destino de ser presidente do clube da minha cidade. Decidi ir a eleições contra um presidente fantástico, Pinto da Costa. Esteve lá por 41 anos e eu ganhei as eleições. Grandes responsabilidades, muitas, mas estamos a tentar levar o clube em frente, não só em termos desportivos, mas também a nível financeiro, estrutural e operacional. Esperamos dar os passos certos para termos ainda mais sucesso nos próximos anos".
Villas-Boas aproveitou para falar novamente sobre a questão da diminuição dos mandatos. "Somos um clube de sócios, que elegem o presidente de quatro em quatro anos. Não temos limite de mandatos, para que isso acontecesse teríamos de levar o tema a Assembleia Geral e mudar os estatutos do clube. É algo que queremos fazer para definir um limite de três mandatos, ou seja, uma presidência de 12 anos. É algo que segue as práticas comuns em qualquer ambiente político saudável. É um desafio que temos e, para que aconteça, tem de ser aprovado em AG. Alterar os estatutos do clube é sempre algo sensível".