Villas-Boas: "Resultados extraordinários" podem abrir caminho a reforço em janeiro
O presidente do F. C. Porto, André Villas-Boas, marcou presença na apresentação do relatório e contas da SAD que conseguiu, em 2024/25, um lucro recorde de 39,2 milhões de euros e admitiu que o desfecho do exercício pode permitir recorrer ao mercado de inverno para encontrar uma alternativa ao lesionado Nehuén Pérez.
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"Quero começar por congratular as equipas de gestão e financeiras, bem como a parte comercial do clube e agradecer aos sócios, porque esta dinâmica vem do respeito que têm para esta direção e o crescimento orgânico do número de sócios e mais lugares anuais. Continuamos a crescer exponencialmente", começou por referir o líder dos dragões, antes de ser questionado se o lucro apresentado pode permitir ao clube reforçar-se em janeiro.
"Foram resultados extraordinários, que permitiram este investimento [de verão] avultado na equipa principal. Temos um plantel equilibrado, mas que tem sofrido algumas lesões. Nessa ótica não é impossível que pensemos em reforçar a equipa com um defesa central em janeiro. Não obrigatoriamente uma compra, mas talvez um empréstimo. Vai ser algo para o treinador decidir", explicou Villas-Boas, que lembrou que teria sido impossível ao F. C. Porto conseguir estes resultados financeiros sem as vendas de Evanilson, Galeno e Nico González.
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Com cerca de 170 milhões de euros garantidos nas duas últimas janelas de mercado do exercício 2024/25 - não contabilizando o último verão -, Villas-Boas reconheceu que o caminho dos clubes portugueses passa sempre por gerar mais-valias.
"Há crescimento do valor do ativo total e o F. C. Porto detém quase sempre 100% dos passes, o que não acontecia no passado. Para ser sustentável, vai ter de gerir os mercados de transferências com pinças e gerar mais-valias. Temos jogadores de qualidade que podem ser assediados por clubes das ligas principais", assumiu.
A recente compra dos terrenos no Olival, em Vila Nova de Gaia, vai permitir a construção do Centro de Alto Rendimento e o presidente portista colocou um prazo para que uma das grandes promessas da campanha eleitoral veja a luz do dia.
"Os terrenos já foram comprados e, agora, segue fase de licenciamento da obra. Os dados são positivos, está tudo regular. O F. C. Porto terá de decidir, entretanto, o veículo financeiro para a construção, seja pela procura de parceiros ou pela construção com fundos próprios. Depois, teremos sempre, um ano e meio a dois anos de construção pela frente", revelou.
Pereira da Costa: "vendas já vão nos 85 milhões"
O administrador financeiro da SAD, José Pedro Pereira da Costa, foi questionado sobre como mitigar a ausência das receitas da Liga dos Campeões, prova a que os dragões falharam o acesso pela segunda temporada consecutiva.
"Há duas alavancas: o sucesso desportivo, já que indo o mais longe possível na Liga Europa, ajuda a atenuar a diferença. Gostaríamos de ir mais longe do que o ano passado [play-off] ou até ao fim, porque quanto mais longe formos melhor para as contas. A alavanca principal é continuar a crescer nas receitas comerciais, sendo que a principal é sempre a venda de passes de jogadores, que já está nos 85 milhões de euros só com este mercado de verão. Temos condições para ter um bom exercício em 2025/26", afirmou.
O passivo total mantém-se quase inalterado, mas Pereira da Costa desvalorizou a situação e explicou a razão: "A redução do passivo total não é um objetivo em si, mas sim a redução do passivo corrente e isso já foi feito. Relativamente ao passivo total, a redução ou crescimento do mesmo terá a ver com projetos que temos pela frente, como renovação do Estádio do Dragão e a construção do Centro de Alto Rendimento. Desde que o ativo aumente, a subida do passivo não é uma preocupação. Queremos é ter as contas em dia e o passivo corrente suportado pelo ativo corrente", detalhou.
Uma das situações mais preocupantes era a possibilidade da SAD ficar, outra vez, sobre a alçada do fair-play financeiro da UEFA, algo que o resultado deste exercício conseguiu evitar. "Conseguimos o pleno cumprimento das regras de sustentabilidade financeira da UEFA e atenuar o impacto do resultado do exercício anterior: caso não tivéssemos resultados expressivos em 2024/25 ficaríamos sob a alçada do fir-play financeiro. Conseguimos convencer a UEFA a não nos colocar nessa situação e a aplicar uma multa bem inferior à que foi dada aos cinco clubes [europeus] que estão nessa situação. Foram 750 mil euros de coima, valor bem inferior ao que teríamos de pagar sob o fair-play, que já foram pagos e já estão refletidos neste relatório e contas", explicou o administrador financeiro.