Vitinha passou os últimos dez anos fora de Portugal. Hoje vive na Bulgária, depois de ter estado na Roménia.
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Um terço da vida de Vitinha foi passada fora de Portugal. À Roménia, seguiu-se a Bulgária e não é de descartar que o destino tenha uma mão nisto. "A minha mulher é romena e chama-se Ioana Bulgarea. Parece que estava escrito que depois vinha para aqui", atira o futebolista português, em conversa com o JN.
A Roménia deu-lhe o matrimónio e uma filha, mas é na búlgara Razgrad que a família Freitas Fernandes leva a vida, já lá vão meia dúzia de anos. "É uma cidade pequena e que cresceu muito desde que cheguei. Está a desenvolver-se rápido, mas continua a ser um sítio calmo. Gosto muito de cá viver". A evolução, no entanto, ainda tem obra por fazer em Razgrad: "Sempre que quero ir a um shopping tenho de andar uma hora de carro", acrescenta Vitinha.
Sem classe média que se veja, a Bulgária enche-se de gente "positiva e que vive o dia-a-dia sem grandes preocupações", mas divide-se "entre ricos e pobres". E se o tempo esmorece o impacto social - "principalmente fora das cidades" -, há coisas que continuam a causar dores de cabeça. "Demorei muito a falar búlgaro e ainda tenho dificuldades para perceber muito do que escrevem as revistas e os jornais", revela o defesa. E nem as mais universais respostas mímicas contribuem para facilitar a comunicação: "Aqui, abanam a cabeça para dizer sim e acenam com a cabeça para dizer não. Às vezes ainda penso que estão a dizer sim com a cabeça quando, na realidade, estão a dizer não", completa Vitinha, entre risos.
Passe Curto
Nome: Victor Tiago de Freitas Fernandes
Clube: Ludogorets Razgrad
Idade: 31 anos (11/02/1986)
Posição: Defesa
Muita gordura e sem bacalhau
"Não é a melhor alimentação para um desportista", resume Vitinha. A comida búlgara, "normalmente cheia de gordura", até se come bem, mas há saudades que nem o facto de os supermercados estarem abertos 24 horas por dia remedeiam: "Quando quero bacalhau, tenho de pedir aos meus pais para mandarem".
Um bocado de porrada no campo
Receção hostil, tochas, cânticos... Aquele treino tinha tudo para correr mal e correu mesmo. "Antes de um jogo para a taça, treinámos no estádio do adversário e fomos recebidos por adeptos deles. Começaram a cantar e a acender tochas, até que entraram no campo para nos agredir... Houve um bocado de porrada", recorda Vitinha.