Shaquem Griffin foi amputado com quatro anos de idade, mas nem assim parou e, agora, está muito perto de ser uma estrela da NFL.
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Não era suposto nada disto estar a acontecer, só que os alertas médicos e os sermões maternos foram pouco para demover Shaquem Griffin de ir atrás do sonho de algum dia se tornar jogador profissional de futebol americano. "Não era possível", diziam-lhe, agarrados àquela amputação predestinada a empatar-lhe o futuro. Mas foi. E, agora, aquele menino que teve uma infância traumatizada pela genética está às portas da glória.
Há um momento marcante na existência de Shaquem Griffin. Nessa noite, e do alto dos seus quatro anos de idade, não aguentou as dores que o atormentavam desde a nascença, devido à malformação da mão esquerda, e, com o desespero a sair-lhe pelos olhos, dirigiu-se à cozinha decidido a cortar o mal pela raiz. O aparecimento da mãe evitou que o filho, com recurso a uma faca, fizesse justiça por ele próprio, mas horas depois uma equipa de cirurgiões livrou-o, finalmente, do sofrimento.
Nessa altura, já o segundo de dois gémeos era visto regularmente com o objetivo oval que lhe punha um brilho nos olhos. Era a mesma bola que depois da amputação continuou a ser a companhia preferida de Shaquem. Os médicos bem disseram que ele não podia voltar a jogar futebol americano - que, a propósito, se joga maioritariamente com as mãos - e a mãe fazia eco dos conselheiros da medicina, mas, logo no dia seguinte à operação, quando, ainda meio anestesiado, o herdeiro apareceu em casa com as ligaduras ensopadas em sangue após mais uma jogatana com os amigos, se viu que se tratava de uma luta perdida.
Os pais resignaram-se e Shaquem passou a dedicar-se a tempo inteiro à superação que, diz-se, haverá de fazer dele uma estrela da NFL, daquelas pagas a preço de ouro. Foi crescendo e ficando mais rápido. Entrou na universidade, onde rejeitou um lugar de estacionamento especial por não se considerar um deficiente, e apanhou a treinadora que lhe impulsionaria a carreira e arrebitaria o sonho de uma vida.
Ao longo desta história ainda tentaram convencer Shaquem a usar uma prótese de última geração, mas foi sem o empecilho tecnológico que, aos 22 anos, voltou a surpreender todos e mais alguns. E, agora, não faltam equipas dispostas a ajudá-lo a concretizar o objetivo. Há mãos que vão por bem.