José Eduardo Faria é mestre em Psicologia e está desempregado. Ocupa o tempo com voluntariado.
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Psicólogo de formação, José Eduardo Faria sabe que a persistência é um elemento-chave para superar as adversidades e continuar a acreditar em dias melhores, mesmo quando nada parece correr bem. Aos 30 anos, este mestre em Psicologia pela Universidade do Minho está sem emprego desde dezembro de 2021, altura em que saiu de uma instituição de solidariedade social que presta apoio a pessoas com deficiência, em Braga. De lá para cá, tem batido a várias portas, sempre sem sucesso, ao mesmo tempo que investe na sua própria formação para poder ganhar competências.
"Estou a acabar uma especialização em psicologia do desporto, que acredito que possa ser uma mais-valia para o meu currículo e para o meu futuro profissional", conta o bracarense, que está também a "dar apoio" a jovens praticantes de boccia na Associação de Paralisia Cerebral de Braga em "regime de voluntariado", dois dias por semana, além de frequentar as formações que lhe são indicadas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Essa é uma forma de José Eduardo se manter ativo e ligado à área profissional que escolheu, enquanto não chega um novo convite para trabalhar. "Com o passar do tempo, obviamente que se vai perdendo alguma motivação e cria-se um sentimento de impotência", sublinha. Apesar disso, assegura que não perde a esperança: "Acredito que será na área da psicologia que se abrirão, de novo, as portas do mercado de trabalho".
Deficiência é entrave
Antes da associação da qual saiu no final de 2021, José Eduardo trabalhou num colégio privado da cidade - onde dava apoio a alunos com necessidades especiais - e na secção de desporto adaptado do SC Braga. A sua carreira profissional, iniciada em 2018, esteve desde sempre associada a esta área, até porque ele próprio também possui uma deficiência física no braço direito, que resultou de uma malformação antes do parto e que o obriga a fazer fisioterapia.
"É algo congénito e irreversível, com o qual terei de viver a vida toda, mas que não me limita na minha profissão. No entanto, penso que alguns empregadores poderão olhar para isso como um entrave e, por isso, não me chamam", diz José Eduardo Faria. "A sociedade ainda não está preparada para receber e aceitar pessoas com deficiência no mundo do trabalho", apesar das quotas definidas pelo Governo.