A primeira, e única, greve geral convocada em conjunto pelas centrais sindicais CGTP e UGT aconteceu a 28 de Março de 1988.
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A união das duas centrais sindicais foi histórica e o motivo de tal consenso, até então impensável, foi a reforma laboral lançada pelo Governo de Cavaco Silva, que introduzia temas novos na altura como a flexibilidade ou o despedimento por justa causa, mas também alterava as normas em caso de greve.
O ministro do Trabalho era Silva Peneda, e como o próprio contou ao JN, foi um dia de luta que atrasou a entrada em vigor da reforma laboral, que foi considerada, numa primeira fase, inconstitucional pelo Tribunal Constitucional, mas depois acabou por ser aprovada.
Nos dias que antecederam a greve a agitação foi grande. A CGTP, já liderada por Carvalho da Silva, acusava o Governo de pressionar e intimidar os trabalhadores para que não fizessem greve e exigia a rejeição total do pacote laboral. Já UGT, com Torres Couto à frente, queria alterar quatro pontos da proposta laboral, entre eles, o que mexia com os direitos dos dirigentes e delegados sindicais.
No dia 28, o país ficou a meio gás com os sindicatos a falar na maior adesão da história e Cavaco Silva a afirmar que, "quando muito", foi uma greve "parcialíssima". O primeiro-ministro estava de visita a empresas no Porto e a principal contestação deu-se à porta do Hospital Maria Pia.