<p>O presidente da Associação de Comerciantes do Porto, Nuno Camilo, criticou hoje, sexta-feira, a abertura das grandes superfícies comerciais aos domingos por considerar que esta medida "não vai trazer nenhuma mais valia em termos económicos ao país".</p>
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"Pelo contrário, a concentração do poder nas grandes superfícies vai, única e exclusivamente, agudizar os problemas sociais que já existem", considerou Nuno Camilo.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Comerciantes do Porto (ACP) referiu que vai haver uma transferência de consumo, problemas de desemprego e ainda uma diminuição do consumo de produtos nacionais".
"Se estivéssemos numa situação em que essas grandes superfícies fossem criar mais postos de trabalho e fossem consumir mais produtos nacionais seria vantajoso para a economia portuguesa, porque iríamos aumentar a produtividade e escoar stocks nacionais mas, pelo contrário, as grandes superfícies são os maiores importadores a nível nacional, portanto não vão criar riqueza a nível interno", adiantou.
Na opinião do presidente da ACP, "esta medida vai criar maior concentração e a longo prazo vai aumentar o valor dos produtos", acabando por "destruir cada vez mais o comércio tradicional".
Face à actual situação sócio-económica do país, o "comércio tradicional não consegue, neste momento, alargar os seus horários, porque iria aumentar os custos de produção de uma forma muito elevada e incomportável", sustentou.
Segundo Nuno Camilo, as pequenas e médias empresas do comércio tradicional encerraram, em 2009, 96 mil postos de trabalho.
"Não estamos numa situação de crescimento económico para haver uma maior oferta, pelo contrário. O argumento de que a medida vai aumentar a criação de postos de trabalho é completamente falso", afirmou.
Segundo o dirigente associativo, "nos últimos cinco anos foram construídos mais de dois milhões de metros quadrados de grandes superfícies, mas só foram criados dois mil postos de trabalho".
"Em 2001, tínhamos 751 mil postos de trabalho e em Dezembro de 2009, tínhamos 753 mil postos de trabalho, o que significa que se com tanta construção não se aumentou os postos de trabalho não vai ser agora que se vão criar, uma vez que o mercado está saturado de grandes superfícies", considerou.
Nuno Camilo disse ainda não compreender a "forma apressada", com que o Governo alterou os horários das grandes superfícies, e qual a "vantagem em termos económicos".
"A consequência directa desta medida vai ser o encerramento de pequenas e médias empresas ao longo dos próximos anos, criando mais desemprego e mais problemas sociais", frisou.