A adesão à greve dos trabalhadores dos CTT está a registar, esta sexta-feira, uma grande discrepância entre o sindicato e a empresa, com a estrutura sindical a apontar valores de 80%, enquanto o empresa adianta 24%.
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Segundo os dados recolhidos pela agência Lusa, o diretor de recursos humanos dos CTT, António Marques, avança que o número de trabalhadores em greve cifra-se em 24%, enquanto o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, refere "80% de adesão, pelas 11.30 horas".
"Mais importante do que os números é o que se passa no país. Estão abertas e em pleno funcionamento as 625 estações de correio existentes, os carteiros a distribuir o correio tal como fazem no seu dia-a-dia. É isso que é importante transmitir à população, pelo que os níveis de adesão à greve fazem com que a população não sinta os seus efeitos", disse à Lusa António Marques.
Para António Marques, os números não devem sofrer alterações durante o resto do dia, já que estão incorporados na estimativa de 24% os dados relativos ao turno da tarde dos centros de produção e logística.
Por seu turno, Vítor Narciso explicou que a discrepância de números divulgados pela estrutura sindical e pelos CTT pode dever-se ao facto de o sindicato "não contabilizar nos seus dados a direção e as chefias, que são cerca de dois mil trabalhadores", que, segundo acusa, "estão impedidos na prática de fazer greve, por represálias ou por serem exonerados".
O secretário-geral do SNTCT garantiu que, das 632 estações de correios existentes, segundo dados da administração, tem conhecimento que estão fechadas "33 ou 34".
"Há qualquer coisa que não bate certo. Temos também conhecimento que há dezenas largas de estações de correio que estão abertas só com chefias, que estão para entregar correspondência com aviso", adiantou o sindicalista.
Vítor Narciso deu ainda o exemplo dos CTT da Damaia, onde trabalham cerca de 70 pessoas, e onde "todos estão em greve", mas o "chefe anda na rua com uma carrinha a distribuir o correio".
"Com uma ou duas chefias a distribuir o correio não se pode dizer que este está a ser distribuído", ironizou, afirmando que a maior adesão à greve está precisamente a ser entre os trabalhadores da distribuição.
"Há discrepâncias de números, claro que há. Se calhar quando não contabilizamos as chefias nos nossos dados também estamos a errar", admitiu, lembrando a dificuldade que é recolher os dados, já que existem cerca de mil locais de trabalho, entre continente e ilhas, e até às 11.30 horas estavam contabilizados 10 distritos, o equivalente a 80%.