O aeroporto de Lisboa começa a regressar à normalidade, mas ainda há muitos passageiros à espera de voo, após uma noite passada na gare, devido ao cancelamento de voos decorrente de um problema no sistema de abastecimento dos aviões.
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Pelo menos três voos que deveriam ter saído ao início da manhã desta quinta-feira do aeroporto de Lisboa foram cancelados e outros partiram com atraso depois do problema ocorrido na quarta-feira com o abastecimento dos aviões.
Segundo a informação disponível às 8 horas, o site da ANA - Aeroportos de Portugal, foram cancelados dois voos com destino a Madrid e um que deveria ter seguido para o aeroporto de Gatwick, em Londres.
Esta quinta-feira de manhã havia ainda muitos passageiros à espera de voo e a queixarem-se de falta de explicações por parte das entidades aeroportuárias. Muitos passaram a noite no terminal aeroportuário.
A Proteção Civil disponibilizou camas para os passageiros que se mantiveram durante a noite nas instalações do aeroporto, nomeadamente por não terem sido acomodados pelas suas companhias ou por quererem permanecer no local ou porque irão viajar brevemente, acrescentou Rui Oliveira, porta-voz da ANA.
"Esta é uma medida de apoio aos passageiros", resumiu a mesma fonte, notando que a maior parte dos passageiros foram protegidos pelas companhias. No entanto, segundo a reportagem da SIC Notícias, no local, esta manhã, muitos dizem que não viram camas algumas no local e que dormiram, "força de expressão", no chão.
O aeroporto de Lisboa contou, durante a madrugada, com um reforço de meios no abastecimento de aviões para normalizar a operação afetada, desde as 12 horas de quarta-feira, por um problema no provimento de combustível, segundo fonte aeroportuária.
Além do reforço de meios de abastecimento durante a noite, o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, foi autorizado, excecionalmente, a fazer voos noturnos, na sequência de uma autorização da ANAC (Autoridade Nacional da Aviação Civil), adiantou à Lusa a fonte aeroportuária.
Fonte oficial da ANA - Aeroportos de Portugal informou que foi resolvida, cerca da meia-noite, a situação de falta de abastecimento, que levou ao cancelamento de 64 voos, 11 desviados e 322 afetados por atraso.
Em conferência de imprensa na quarta-feira, o diretor do aeroporto, João Nunes, tinha explicado que os problemas com o abastecimento começaram hoje pelas 12:00, tendo a empresa avançado que a situação deveria estar resolvida pelas 21:00.
Realçando tratar-se de "uma situação que aconteceu pela primeira vez", o responsável explicou que o abastecimento começou a ser feito com recurso a autotanques, o que permitiu a partida de alguns voos, mas sem garantir o normal funcionamento da operação.
"Se não fosse o abastecimento por autotanque estaríamos em muitos maus lençóis neste momento", declarou.
Milhares de pessoas ficaram esta tarde retidas na zona de embarque do Terminal 1 do Aeroporto de Lisboa, à espera de informações sobre o atraso ou eventual cancelamento de voos, com os passageiros a descreverem um "cenário caótico".
O sistema de abastecimento de combustível ao Aeroporto de Lisboa é da responsabilidade do GOC [Grupo Operacional de Combustíveis, liderado pela Petrogal e que reúne as principais petrolíferas].
A avaria que bloqueou o abastecimento das aeronaves no Aeroporto de Lisboa afetou, além do sistema de alimentação principal, também o redundante, devido a uma entrada de ar que fez desferrar o circuito, segundo fonte aeroportuária.
O diretor do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, João Nunes, explicou que a avaria deu-se quando, "por um motivo de operação, num dos três tanques de abastecimento de combustível, houve uma situação que aconteceu pela primeira vez, que foi 'desferrar'", devido ao facto de ter começado a entrar ar.
Por questões de segurança e precaução, existe um circuito redundante de abastecimento, mas, segundo o mesmo responsável, "infelizmente, o que aconteceu não afetou só o sistema de alimentação principal, também no sistema redundante entrou ar", criando dificuldades em resolver o problema e obrigando ao recurso a camiões autotanques.
"Deparámo-nos com uma incapacidade de abastecimento de combustível. O abastecimento de combustível às aeronaves é feito fundamentalmente por hidrantes. São sistemas que levam o combustível até às várias posições de estacionamento dos aviões. Nessas posições de estacionamento há umas viaturas que acabam por fazer 'o bombeiro' para cada uma das aeronaves (...) . Nós temos um sistema sofisticado", garantiu.