Anónio Borges foi "um dos portugueses de maior prestígio a nível internacional"
O primeiro-ministro lamentou, este domingo, a morte do economista António Borges, enaltecendo o seu "prestígio técnico e académico" e a "lucidez e determinação" com que se envolveu nos processos das privatizações e das parcerias público-privadas.
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Numa nota enviada à agência Lusa pelo gabinete de Passos Coelho, o governante diz que recebeu "com profunda consternação" a notícia da morte de António Borges, que considera ser uma "figura destacada da vida pública portuguesa e personalidade de grande prestígio técnico e académico na cena internacional".
"O primeiro-ministro não esquece a lucidez e a determinação com que o professor António Borges desempenhou as funções de consultor do Governo para as privatizações e para as renegociações das Parcerias Público-Privadas, numa altura em que já travava um combate difícil com a doença que o viria a vitimar", refere a nota, em que Passos Coelho apresenta as condolências à família do economista.
O presidente da República, Cavaco Silva, apresentou as condolências pela morte de António Borges, "um dos economistas mais brilhantes da sua geração", destacando a "firmeza inabalável das suas convicções", numa nota divulgada pela Presidência da República.
"O professor António Borges foi uma personalidade marcante da vida pública portuguesa, que se destacou pela sua invulgar competência profissional e académica e pela firmeza inabalável das suas convicções", lê-se na nota publicada no site oficial da Presidência. Cavaco Silva refere ainda que António Borges "ambicionava um Portugal mais próspero e desenvolvido e nunca desistiu de lutar por esse ideal", apresentando condolências à família do economista.
O antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes, lamentou realçou a sua experiência profissional em várias instituições internacionais de prestígio. "Recordo António Borges como um economista brilhante, com um pensamento forte e estruturado, e um académico reconhecido em Portugal e no estrangeiro", afirmou à agência Lusa o político.
Marques Mendes apontou para o longo percurso profissional de António Borges, doméstico e internacional, destacando as suas passagens pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo banco norte-americano Goldman Sachs, com cargos de topo. Mas também elogiou a sua carreira académica, quer em Portugal, quer no estrangeiro, destacando a sua experiência na reputada escola de negócios francesa INSEAD, onde foi reitor. "António Borges foi um dos portugueses de maior prestígio a nível internacional", sublinhou o ex-governante.
A frontalidade foi a característica mais marcante de António Borges, segundo Marques Mendes, que frisou que o economista tinha posições com as quais se podia, ou não concordar, mas que tinham que se respeitar. "Às vezes era polémico, porque seguia as suas convicções", assinalou.
O antigo ministro Jorge Coelho considerou o consultor do Governo para as privatizações como um exemplo de quem lutou pelo que acreditava apesar dos problemas de saúde que o afligiram. "É uma pessoa por quem tinha - e tenho - grande estima e respeito e acho que é um bom exemplo de alguém com um problema de saúde muito grave durante este tempo todo que não deixou de fazer a sua própria vida, de lutar por aquilo em que acreditava independentemente do problema grave de saúde que ele achava que era sempre ultrapassável", afirmou o antigo presidente da comissão executiva da Mota Engil.
A presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, manifestou "profundo pesar" e realçou o seu exemplo de empenho, inteligência e força até ao fim da vida. "O desaparecimento de António Borges constitui uma enorme perda para o nosso país e para todos nós que beneficiámos das qualidades humanas, intelectuais e profissionais de exceção de que era senhor", disse a antiga dirigente do PSD e ministra da Saúde. Para a presidente da Fundação, "António Borges foi, até ao fim, um exemplo de empenho, inteligência e força".
O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, elogiou as suas capacidades intelectuais ímpares que marcaram toda uma geração. "Estou muito consternado com este desaparecimento de António Borges. Para mim, era um homem de uma sabedoria imensa, daqueles raros homens, que há poucos, que conseguia explicar por palavras simples conceitos muito complexos. E isso levou a que uma geração, que é a minha, fosse uma geração que ficará para sempre marcada por este homem", disse o governante.
O bastonário da Ordem dos Economistas, Rui Leão Martinho, disse que António Borges ainda tinha muito para desempenhar em Portugal, elogiando o passado profissional do economista. Rui Leão Martinho admitiu que era um acontecimento esperado, já que António Borges há três anos que sofria de um cancro, e lembrou que o antigo diretor do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) "foi dos primeiros portugueses a doutorar-se, foi o primeiro português a ser reitor de uma universidade [INSEAD] lá fora numa altura em que começou a ser mais conhecida" e realçou "todo o seu percurso ligado à banca".
O consultor do Governo para as privatizações António Borges morreu este domingo em Lisboa aos 63 anos.