A ajuda do Estado para desempregados que permite reduzir, temporariamente, a prestação do empréstimo para habitação, regista 1.710 pedidos, um número baixo face ao universo de pessoas que podem aceder.
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Até esta semana existiam "1.710 pedidos de adesão por parte de mutuários desempregados, dos quais 897 já aprovados pelas respectivas instituições de crédito", apurou a Agência Lusa junto do Ministério das Finanças.
No final de Junho, estavam registados nos Centros de Emprego 489.820 desempregados..
A medida, uma linha de crédito, em vigor desde Maio, para famílias em que um ou mais membros estejam desempregados há pelo menos três meses, permite reduzir para metade, com o limite máximo de 500 euros, o crédito habitação, por um periodo de até dois anos.
"Os efeitos são sem dúvida muito positivos", afirmou em declarações à agência Lusa Vinay Pranjizan, economista da Associação de Defesa do Consumidor (Deco), tratando-se de uma ajuda importante para consumidores em risco de sobreendividamento.
Quanto ao baixo número de pedidos de adesão, este economista não comenta, mas lembra que para esclarecer dúvidas os consumidores podem usar o site da Deco, onde podem também simular qual a prestação e os juros por beneficiar da moratória.
Uma explicação, adiantada por Paulo Pedroso, responsável por pastas de assuntos sociais em anteriores governos socialistas, é que "no início [desde tipo de medidas de apoio] há ainda pouca informação e além disso, por tradição, em Portugal as pessoas procuram primeiro outras alternativas, como utilizar alguma poupança ou ajuda familiar".
"Em média, o tempo de maturação ronda pelo menos seis meses", explica, lembrando que foi assim em medidas similares que acompanhou e frisando ainda que "o sucesso deste tipo de medidas mede-se por resolverem os problemas mais graves e não tanto pelo número".
Silva Peneda, antigo ministro social-democrata com tutela de questões sociais, entende que, "sendo uma medida de emergência, para ter impacto terão de ser corrigidos os obstáculos".
"Falta de divulgação", que diz ter detectado já noutras medidas, e "problemas burocráticos" podem estar a impedir o acesso, disse Silva Peneda, sublinhando que com o desemprego a aumentar "deve ser feito um exame rápido ao processo".
A medida é válida até final de Dezembro.