Autarcas de Felgueiras e Lousada dizem que há "má-fé" do Governo com as portagens
Os presidentes das câmaras de Felgueiras, Inácio Ribeiro (PSD), e de Lousada, Jorge Magalhães (PS), consideram que a eventual introdução de mais portagens nos respetivos concelhos constitui "uma irresponsabilidade" e revela "má-fé" do Governo.
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Em declarações à Agência Lusa, os dois autarcas dizem que aquela possibilidade, que está a ser estudada pelo Governo, merece o "mais profundo repúdio" da região do Tâmega e Sousa.
De acordo com vários órgãos de comunicação social, o Governo prepara-se para introduzir novas portagens, colocando 15 novos pórticos automáticos de cobrança nas autoestradas nacionais, sobretudo do norte de país e da Grande Lisboa.
Face ao "caráter gravoso" da eventual introdução de portagens, Inácio Ribeiro e Jorge Magalhães revelaram a intenção de convocar "uma reunião de urgência" da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa.
Os dois presidentes acreditam que a região tomará, em conjunto, junto do Governo, "uma oposição forte de contestação da medida".
No caso de Lousada, Jorge Magalhães diz "ser caricato" que se queira introduzir portagem num pequeno troço, com 200 metros, junto à saída para Nevogilde, para o qual não há alternativa. O edil socialista lamenta que o concelho vizinho de Paços de Ferreira "saia incólume", continuando os seus habitantes isentos de pagamento de portagens quando circulam na A42 (antiga SCUT do Grande Porto) dentro do território do concelho.
Jorge Magalhães acusa o Governo de, com esta dualidade, estar a beneficiar Paços de Ferreira por ser governado por uma autarquia de maioria PSD.
Para o autarca socialista, a tutela ainda não percebeu que o pagamento da antiga SCUT tem acentuado a diminuição do tráfego naquela via, ao mesmo tempo que penaliza a economia de uma região que tanto precisa das autoestradas para escoar os produtos da sua indústria.
No caso de Felgueiras, Inácio Ribeiro diz não fazer sentido cobrar portagem na ligação da A11 à cidade (cerca de três quilómetros), lembrando que a desclassificação da EN 207, entre as duas localidades, teve como contrapartida a construção de uma variante, que o Governo equaciona agora portajar.
"É uma decisão típica de uns senhores que chegaram ao Terreiro do Paço e esqueceram a realidade do país", criticou o autarca social-democrata.
Inácio Ribeiro sublinha que o concelho de Felgueiras, um dos mais industrializados do país, "não pode aceitar mais esta penalização", lembrando que, nos últimos meses, tem sido prejudicado com "decisões injustas" da tutela nas áreas da justiça e saúde.