Os bancos públicos alemães pediram, esta quinta-feira, apoio à chanceler Angela Merkel na luta contra a união bancária, dizendo recear que os planos da União Europeia ponham em risco as garantias aos depositantes na Alemanha.
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"Se houver uma garantia unitária para os depósitos, ou uma garantia além-fronteiras entre os sistemas bancários nacionais, o nível de proteção dos aforradores alemães diminuirá, afirmaram as Sparkassen (caixas de poupança) e Genossenschaftsbanken (bancos cooperativos) em anúncios de página inteira publicados hoje em mais de 350 jornais diários.
"Assumir compromissos de pagamento em nome de bancos estrangeiros poria em risco a confiança dos nossos clientes nas suas poupanças", afirmam ainda os bancos públicos no seu manifesto.
"A aceitação na Europa e as necessárias medidas de estabilização da União Económica e Monetária só podem ser alcançadas se a segurança dos aforradores alemães se mantiver", sublinham os presidentes das associações dos bancos públicos e cooperativos, Georg Fharenschon e Uwe Froehlich, que assinam a carta aberta a Angela Merkel "em nome de 80 milhões de clientes e de 435 mil funcionários".
O governo alemão afirmou repetidamente que defende a harmonização do sistema bancário europeu, mas quer manter o sistema de garantias aos depositantes existente no país.
"Não aceitamos garantias flutuantes além-fronteiras", anunciou recentemente o ministério das finanças germânico.
Na quarta-feira, Angela Merkel disse no parlamento que a União Bancária proposta pela Comisssão Europeia "deve sobretudo atender à qualidade, e não à quantidade", exigindo também que tais medidas não sejam implementadas depressa demais.
O presidente da Comissão, Durão Barroso, apresentou na quarta-feira, no Parlamento Europeu, os seus planos para reestruturar o setor bancário europeu, que inclui a supervisão de todos os bancos comerciais pelo Banco Central Europeu (BCE) e a criação de uma união bancária com garantias unificadas para os depositantes e um fundo para sanear bancos em dificuldades.
Os bancos públicos alemães estão contra a supervisão através do BCE, e querem continuar a ser fiscalizados por órgãos nacionais.
Mas importante ainda para as Sparkassen e Genossenschaftsbanken é a manutenção do seu sistema de garantia de depósitos, como se depreende da carta aberta à chefe do governo, em que lembram a Angela Merkel a sua promessa de que os aforros dos alemães estavam garantidos, feita em finais de 2008, quando eclodiu a crise económica e financeira internacional.