Apesar de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado ontem um corte nas suas taxas de juro, as instituições financeiras têm vindo a antecipar essa trajetória de queda, uma vez que as taxas Euribor usadas nos contratos de crédito à habitação já estão, em alguns casos, abaixo do valor anunciado.
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O BCE baixou em 25 pontos base a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de depósito, a que é agora a de referência, tendo-a fixado nos 3,25%.
Trata-se da terceira descida do BCE neste ano e um corte pelo segundo mês consecutivo. Ou seja, baixou em junho, setembro e, agora, na reunião de outubro.
De facto, a média da taxa Euribor em setembro, estava nos 3,258% a seis meses, nos 3,434% a três meses e nos 2,936% a 12 meses.
São estas médias que estão a ser aplicadas em outubro, no momento da renovação dos contratos (usa-se a média da taxa variável à do mês anterior ao da assinatura do contrato), como assinala Natália Nunes, coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco.
“Em fevereiro de 2022, quando as taxas estavam negativas e o BCE anunciou que iam subir, as Euribor começaram logo a antecipar essa subida, muito antes da decisão. Agora, o objetivo do BCE é que a taxa fique nos 2%, e que as Euribor também cheguem a esse valor. Só não se sabe quando vai acontecer”, comenta a dirigente da Associação de Defesa do Consumidor.
“O que o BCE está a dizer é a dar sinais aos mercado para que mantenham essa trajetória de descida”, acrescentou.
Inflação abaixo de 2%
Na origem da decisão de do BCE está, sobretudo, a evolução da inflação na Zona Euro, apurada pelo Eurostat para setembro, ontem revista em baixa, de 1,8% para 1,7%, quando a meta é que fique em torno dos 2%.
Na conferência de Imprensa que se seguiu à reunião dos governadores, desta vez, na Eslovénia, Christine Lagarde, presidente do BCE, afirmou que “a atividade económica foi mais débil do que o esperado” nos meses do verão, e acredita que os “riscos geopolíticos” poderão afetar a conjuntura económica, mas admitiu que “a Zona Euro não se encaminha para uma recessão”.