O BCP e o BPI admitiram, esta quinta-feira, que poderão recorrer à linha de recapitalização inserido no programa de ajuda a externa a Portugal, depois de Bruxelas ter decidido perdoar 50% da dívida grega.
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Os bancos portugueses precisam de se capitalizar em 7804 milhões de euros para atingir o novo rácio de capital de 9%, segundo cálculos da European Banking Authority (EBA), após o acordo alcançado em Bruxelas.
Em comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Millennium BCP revela que, após esta decisão de Bruxelas, e para cumprir até 30 de Junho de 2012 um rácio de capital 'core tier' 1 de 9%, terá de aumentar os fundos próprios em 1750 milhões de euros.
Para atingir este montante, o BCP refere que "continuará a desenvolver iniciativas já programadas para reforço do seu capital", incluindo "a linha de recapitalização de 12 mil milhões disponíveis para os bancos portugueses".
O comunicado adianta também que, dentro das iniciativas já programadas está a "redução de activos ('deleveraging) e a reestruturação do seu portfólio internacional".
O BCP indica que "o montante global das necessidades de capital é de 2361 milhões de euros, correspondendo 199 milhões de euros ao valor resultante da avaliação a preços de mercado das exposições a dívida soberana".
No mesmo sentido, o BPI admite recorrer à linha de recapitalização prevista no acordo com a 'troika' para reforçar o capital em 1,7 mil milhões de euros e assim cumprir os níveis mínimos de capital decididos na cimeira europeia.
"O Banco BPI vai analisar todas as opções de que dispõe para concretizar este reforço de capital, incluindo a utilização da linha de recapitalização de 12 mil milhões de euros, disponível para os bancos portugueses no âmbito do programa de ajustamento acordado com a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional", diz a entidade financeira liderada por Fernando Ulrich, em comunicado enviado à CMVM.
"No caso do Banco BPI, que já cumpre o rácio mínimo de 9%, o reforço de capital necessário para tomar em consideração os cálculos acima referidos, com base nos números preliminares divulgados pela Autoridade Bancária Europeia, será de 1,717 milhões de euros a realizar até 30 de Junho de 2012. Deste montante, 1,640 milhões de euros correspondem ao valor resultante da avaliação a preços de mercado das exposições a dívida soberana", acrescenta o BPI.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) não menciona a intenção de recorrer à ajuda estatal, no comunicado enviado à CMVM. "O montante global das necessidades de capital identificadas para o grupo CGD é de 2,239 milhões de euros, correspondendo 1,462 milhões de euros ao valor resultante da avaliação a preços de mercado das exposições a dívida soberana", afirma a CGD.
Já as necessidades de recapitalização do Banco Espírito Santo (BES) totalizam 687 milhões de euros, afirma a entidade num comunicado enviado à CMVM, no qual anuncia uma assembleia geral extraordinária para aumentar o capital social e assim evitar recorrer à ajuda do Estado.
"No dia 11 de Novembro de 2011 irá realizar-se uma assembleia geral extraordinária do BES que deliberará sobre uma proposta do Conselho de Administração para aumentar o capital social por novas entradas em espécie até 790,7 milhões de euros, através do lançamento de ofertas de troca sobre valores mobiliários emitidos pelo BES, BES Investimento e BES Finance, que deverá permitir reforçar o rácio de Core Tier 1", afirma o banco.
"O montante global das necessidades de capital identificadas para o Banco Espírito Santo (,,,) é de 687 milhões de euros, correspondendo 44 milhões de euros ao valor resultante da avaliação a preços de mercado das exposições a dívida soberana", lê-se no comunicado.
Espanhóis confiantes
O conselheiro delegado do Banco Santander garante que a entidade superará "confortavelmente", sem ampliações de capital e sem modificar a política de dividendos, os novos requisitos europeus de 'core capital'.
Alfredo Sáenz, que falava por ocasião da apresentação dos resultados do 3º trimestre da entidade, explicou que o Santander conta mesmo atingir os 9% requeridos ainda este mês de Dezembro. Deverá depois continuar a aumentar esse rácio até aos 10% em meados do próximo ano.
O presidente do BBVA, Francisco González, assegurou que a entidade cumprirá "confortavelmente" os novos requisitos de 'core capital' exigidos pela União Europeia, alcançando os 10% em Julho, um ponto acima do exigido.
Em comunicado, o banco informa que necessita de 7,087 milhões de euros para cumprir os novos requisitos de capital aprovados pela UE, valor que inclui uma tranche de 1,912 milhões de euros pela deterioração da carteira de dívida soberana.
Numa conferência com analistas, o director financeiro do grupo, Manuel González Cid, insistiu que o 'core capital' chegará mesmo a ultrapassar o valor exigido e que o banco não irá restringir a política de retribuição dos accionistas. "Temos força suficiente para manter a nossa política de dividendos", declarou.