O deputado bloquista João Semedo defendeu, esta quarta-feira, que o primeiro-ministro nunca disse que a reintrodução dos subsídios seria em 2015, nem de forma gradual e acusou Passos Coelho de querer fazer "desvalorização salarial" com diluição em 12 meses.
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"Ao imaginar que é possível incorporar o valor dos dois subsídios nas remunerações mensais de 12 meses, isso significa que não se está a fazer regressar os subsídios mas a fazer uma desvalorização do valor salarial, porque o salário é a remuneração mensal e a passagem de 14 para 12 meses significará isso, é um falso aumento salarial", defendeu João Semedo.
"Ainda por cima, em 2015, ano de eleições", reforçou.
O deputado bloquista sublinhou que "o Governo disse que esta suspensão vigoraria durante o período em que estivesse em vigor este memorando de acordo e que isso terminaria em 2013".
"Hoje, Pedro Passos Coelho promete que o regresso dos subsídios será em 2015 e, por outro lado, será de uma forma gradual. O corte de subsídios era transitório e nunca foi dito que a sua reintrodução seria feita de forma gradual", afirmou.
Agora o "contraste" é evidente, apontou, mas "não é a primeira vez que o primeiro-ministro e outros membros de Governo com certos jogos de palavras acabam por não tornar claro decisões e o seu próprio pensamento político".
O primeiro-ministro afirmou hoje que os subsídios de férias e de Natal serão repostos gradualmente a partir de 2015, argumentando que o programa de ajuda externa a Portugal decorre até 2014 e tem uma base anual.
Em entrevista à Rádio Renascença, questionado sobre a reposição dos cortes nos subsídios de férias e de Natal aplicados ao setor público e aos pensionistas, Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo pretende "repor gradualmente esses subsídios", porque "dificilmente o Estado conseguiria encaixar num ano a reposição de todo esse benefício".
Interrogado sobre quando é que essa reposição vai começar a ser feita, o primeiro-ministro respondeu: "Eu creio que é depois de 2014, porque o nosso programa de ajustamento decorre até 2014, portanto, só depois disso, como é evidente, e tem uma base anual. Portanto, a partir de 2015 haverá reposição desses subsídios".
"Com que ritmo, com que velocidade? Não sabemos. É inequívoca a vontade do Governo de o fazer, respeitaremos a decisão do Tribunal Constitucional nessa medida", concluiu Passos Coelho.