Os postos de abastecimento exclusivos para veículos prioritários estão a perder centenas de milhares de euros por dia. O JN falou com dois destes postos, que referem quebras de faturação de dez mil euros, ou mais, por cada dia que são proibidos de abastecer o público em geral. Se o número se repetir nos 54 postos (de marca Galp), o prejuízo chega a meio milhão de euros por dia. A lei prevê que o Estado lhes pague uma compensação.
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Ao final do terceiro dia de greve, o tom de crispação mantinha-se. A Antram recusou, ao final da noite, o desafio lançado horas antes pelo porta-voz do Sindicato Independente dos Motoristas de Matérias Perigosas para hoje retomarem as negociações. E quatro motoristas foram notificados pela GNR e levados ao serviço, num incidente aproveitado pelo sindicato para falar em detenções.
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Nos postos para veículos prioritários, cada dia de greve agrava o desespero. "Estou muito além de chateado, tenho um posto com tanques cheios para durar 15 dias e o pessoal sem fazer nada." António Ferreira, gerente da Sociedade de Combustíveis Silva do Vale, em Viana do Castelo, calcula em 13 mil euros por dia a perda de vendas. Sem fazer negócio, garante estar a ficar sem reserva de tesouraria, pelo que terá de se socorrer de crédito bancário.
António Ferreira, que sabe de outros postos minhotos nas mesmas circunstâncias, já contactou informalmente a Galp, de que é revendedor: "O ideal seria a Galp avançar com um pedido de compensação conjunto mas, se não o fizer, avançamos a título individual".
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Em Beja, José Ramos, do Grupo Cameirinha, gere duas bombas, uma das quais reservada a veículos prioritários. "Estou a suportar um prejuízo muito grande, de uns dez mil euros por dia", afirma.
Da parte da associação dos revendedores (Anarec), Francisco Albuquerque apenas disse ao JN: "Estamos a estudar o assunto".
Os 54 postos exclusivos a veículos prioritários são da marca Galp, mas só uma dezena é gerida pela petrolífera. Os restantes pertencem a revendedores. O JN perguntou à Galp se está a preparar um pedido de compensação ao Estado e fonte oficial respondeu que, "nesta altura, a preocupação é assegurar a logística de abastecimento aos postos".
Ontem, o Ministério do Ambiente remeteu o JN para as declarações do ministro, na véspera. Matos Fernandes adiantou que a lei prevê o pagamento de uma compensação, mas "nada mais diz para além da palavra compensação". E assegurou que pertencer à rede de postos de abastecimento prioritário é uma "vantagem comercial".
antram e cgtp de acordo
No dia em que o sindicato de Pardal Henriques disse estar disponível para negociar, a Antram e a Fectrans (afeta à CGTP) assinaram novo acordo, que a associação chamou de "histórico". José Manuel Oliveira, coordenador nacional da Fectrans, afirmou que o acordo prevê aumentos salariais de pelo menos 120 euros.
Entretanto, a greve prossegue para o quarto dia, com o Governo a manter a requisição civil parcial. Matos Fernandes tinha admitido generalizar a requisição a todos os motoristas, caso os serviços mínimos fossem violados - como foram.