No destino Porto e Norte há otimismo, embora Braga já registe desistências nas reservas. Lisboa antevê "meses<br/> muito difíceis".
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Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) até são favoráveis e mostram uma grande evolução nos números respeitantes ao turismo, comparando com o ano passado, mas também há cancelamentos de reservas para dezembro, devido às novas normas relativas à covid. A curva ascendente de hóspedes e dormidas pode ser ameaçada pelas indefinições da própria pandemia.
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No destino Porto e Norte houve desistências de turistas para o mês que começa hoje, mas este dado é compensado pelo "vaivém de pedidos" e a perspetiva é "otimista". Inclusive, é anotado que a região do Douro e Trás-os-Montes passa incólume aos cancelamentos. Mas em Braga vão acontecendo. Na Área Metropolitana de Lisboa, Cristina Siza Vieira, vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal, antevê "até ao fim do 1.º trimestre de 2022 meses muito difíceis".
Os números do INE expressam a retoma, ainda assim aquém dos valores pré-pandemia, o que era expectável. O setor do alojamento turístico registou 2,1 milhões de hóspedes e 5,5 milhões de dormidas em outubro deste ano, correspondendo a aumentos de 115,5% e 139,0% face a 2020. Os níveis atingidos são, no entanto, inferiores aos observados em outubro de 2019, tendo baixado o número de hóspedes e dormidas, em menos 14,6% e 13,5%, respetivamente.
Segundo os cálculos do destino Porto e Norte, a região registou um acumulado de 4,156 milhões de dormidas entre janeiro e setembro, metade do averbado no período homólogo de 2019, então num contexto pré-pandémico. "Nas dormidas de residentes, o destino está colocado em segundo lugar", é enaltecido. Também é adiantado que "os dados do INE são excelentes sinais" e que "a recuperação será tanto mais rápida quanto menor for o impacto da vaga que atravessamos".
No Algarve há confiança
Em Braga, as previsões para este mês de festividades não são as melhores. O aumento de casos de covid e a nova variante levaram às primeiras desistências. "Por causa das notícias [da pandemia] já começaram os cancelamentos", refere Varico Pereira, gestor dos Hotéis do Bom Jesus. No Meliá Braga, Delfim Filho confirma igual cenário. Além das dormidas, os visitantes começam a recuar nas reservas para os jantares de Natal e Ano Novo.
Em Lisboa, Cristina Siza Vieira faz o ponto da situação: "É certo que tem havido uma evolução lenta, passo a passo na procura, e a nossa expectativa é que assim continue, mesmo no final do ano". A juntar à antevisão de "meses difíceis" para o começo de 2022, a vice da Associação da Hotelaria de Portugal acrescenta que "a evolução da pandemia em Portugal, na Europa e no Mundo deixa muitas incógnitas no ar".
No concelho de Aveiro, em linha com o retrato do INE, a indústria do turismo registou uma franca melhoria, com quase mais nove mil turistas hospedados em setembro último. Por terras algarvias, zona de férias por excelência, João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, admite que vários "estrangeiros encurtaram a estadia", por culpa dos novos requisitos sanitários, mas mostra-se "confiante" para o períodos natalício e do réveillon, porque "a maioria dos visitantes serão portugueses e espanhóis".
Detalhes
Estadia média
O destino Porto e Norte fechou o mês de setembro com 448,13 mil hóspedes e regista um valor acumulado de 2,251 milhões entre janeiro e setembro. Importante foi a subida de 4% na estada média, passando a ser de 1,87 noites.
Mercado interno
Até setembro, os dados da ocupação dos hotéis da Área Metropolitana de Lisboa mostram que esta é, de todas as regiões, aquela que tem vindo a recuperar de forma mais lenta. O mercado interno, menos habitual noutros anos na capital, é que puxou pela hotelaria de Lisboa em 2021.
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Objetivo até 2023
Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte, mostra-se satisfeito com a evolução deste ano e mantém a previsão de que em 2023 a região vai recuperar os patamares que tinha em 2019.
Digitalização
O Turismo do Porto e Norte está a acelerar a digitalização da oferta, de acordo com o perfil do turista, e acredita-se que o Governo irá manter os apoios ao setor.
Mais residentes
De facto, há mais estrangeiros em Lisboa, mas muitos são residentes, outros têm vindo por períodos mais extensos e em trabalho. A perceção de haver mais turistas é ilusória.
3,5 mil atendimentos nos postos turísticos, em outubro, na Zona Centro, quando, em 2020, haviam sido 1027. Em 2019, o número chegou aos 3605.
5,1 mil dormidas em setembro, nos alojamentos turísticos em Braga, é o balanço feito pelo setor. Menos 18% em relação ao mesmo período, em 2019.