Os carteiros dos centros de distribuição postal dos CTT vão entrar em greve a partir de segunda-feira contra a diminuição da remuneração mensal.
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O dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, explicou à Lusa que a greve vai afectar os diferentes centros de distribuição postal entre segunda-feira e o dia 7 de Maio.
Assim, na segunda-feira estarão em greve os trabalhadores dos centros de distribuição dos CTT da Costa de Caparica, Pegões, Grândola.
No mesmo dia, farão greve ao segundo período de trabalho os carteiros dos centros da Nazaré, Braga, Guimarães, Vila Verde, Barcelos, Riba de Ave, Famalicão, Fafe e Lamego.
Na quarta-feira, será afectada – segundo o sindicato – a distribuição de correio em Almada, Setúbal, Costa de Caparica, Pegões, Grândola, Braga, Guimarães, Vila Verde, Barcelos, Riba de Ave, Famalicão, Fafe, Lamego, Santarém, Almeirim, Alenquer, Loures, Évora, Beja, Faro e Lisboa.
Nos dois dias seguintes, continuam em greve os carteiros dos centros de distribuição da Costa de Caparica, Pegões, Grândola, Santarém, Almeirim, Alenquer, Loures, Évora, Beja, Faro e Lisboa e juntam-se ao protesto os carteiros da Chamusca.
De 4 a 7 de Maio, estão em greve os carteiros de vários centros de distribuição de Lisboa.
O dirigente do SNTCT disse que estas greves têm como objectivo contestar a alteração dos horários dos carteiros, que terá como consequência a diminuição da remuneração mensal.
"Os CTT querem alterar o horário de trabalho e os carteiros vão ter uma perda de remuneração que, nalguns casos, pode atingir os 270 euros por mês. Estamos a falar de trabalhadores que ganham 900 euros por mês", disse Vítor Narciso.
O dirigente sindical explicou que estas alterações de horários resultam do facto de a distribuição de correio empresarial - que engloba contas da água, luz e telefone - ter saído do grupo CTT para a Mailtec, que presta serviço em regime de 'outsourcing'.
Vítor Narciso afirma que os trabalhadores contratados por esta empresa "não têm formação", pelo que prestam "um mau serviço".
"Em vez de dividirem o correio, espalham-no", disse. Na terça-feira, todos os trabalhadores dos CTT estarão em greve contra o congelamento dos salários decidido pelo Governo e a privatização da empresa.
"Não queremos o congelamento dos salários e estamos contra a privatização dos CTT, uma empresa que dá lucro e distribui dividendos ao Estado", defendeu o dirigente sindical.
Na terça-feira, "muitas estações de correios vão estar encerradas e muita da distribuição não vai ser feita", alertou Vítor Narciso.
Os CTT têm cerca de 7.000 carteiros.
CTT dizem que greve dos carteiros terá "impacto marginal" para clientes
Os CTT – Correios de Portugal dizem que a greve dos carteiros deverá ter um "impacto marginal no serviço aos clientes", uma vez que abrange 35 dos 356 centros de distribuição postal.
Numa nota enviada à imprensa, os CTT dizem tratar-se de greves de "natureza local", que deixam de foram "90 por cento dos centros de distribuição dos Correios".
A empresa salienta ainda que os pré-avisos foram emitidos por um dos 14 sindicatos representados.
Os CTT afirmam que os 35 centros de distribuição que serão afectados pelas greves "estão espalhados um pouco por todo o país e, somados, representam 14,8 por cento do tráfego postal. Este facto, associado à natureza local das greves, permitem-nos prever que a generalidade da população não sentirá qualquer efeito".
A empresa liderada por Estanislau Mata Costa refere que a paralisação não vai afectar o atendimento e o encaminhamento de correio, uma vez que os pré-avisos de greve não abrangem as estações de correio, as centrais de tratamentos e os transportes postais.
Os CTT dizem ainda que darão prioridade ao correio urgente e à entrega de correio social, nomeadamente vales de pensões de reforma e encomendas de medicamentos.
Os CTT afirmam que a "alteração do horário de início do trabalho foi motivada pela modernização do tratamento de correio através de máquinas, que permitem que o correio chegue já organizado e sequenciado para entrega aos carteiros".
A empresa diz que esta situação "abrange um número limitado de carteiros" e afirma que tem estudado formas para facilitar a transacção para os novos horários.
"Nos primeiros casos já decididos – e aceites pelos respectivos carteiros – foram a atribuídos prémios entre os 2.200 e os 3.400 euros, de modo a que possam de forma gradual organizar a sua vida pessoal", concluem os CTT.