Os carteiros de "dezenas" de centros de distribuição postal dos CTT cumprem greves, entre 26 e 30 de Abril, em protesto pela diminuição da remuneração mensal provocada pela alteração de horários.
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Para dia 27, os trabalhadores dos Correios de Portugal (CTT) têm ainda marcada uma greve geral contra o congelamento dos salários este ano, decidida pelo Governo para todas as empresas públicas, alegando que a empresa "dá lucro".
De acordo com Eduardo Rita, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), a diminuição do rendimento mensal dos carteiros resulta da perda dos subsídios de "horário incómodo", nocturno e de pequeno-almoço.
Na base desta perda de subsídios está a alteração de horários provocada pela entrega do tratamento do correio empresarial à Mailtec (do grupo CTT) e, por esta, alegadamente, a funcionários de empresas de trabalho temporário. "São conhecidos por 'espalhadores', dada a forma como espalham o correio, não por sua culpa, mas pelas condições em que trabalham", sustenta.
De acordo com o sindicato, a entrega - já concretizada - do tratamento do correio empresarial à Mailtec permitirá "diminuir muitas centenas de postos de trabalho nos CDP" e adiar a hora de entrada dos carteiros, com consequente perda de subsídios e reduções no rendimento que podem chegar "até aos 270 euros por mês".
Isto porque, explicou Eduardo Rita, o correio empresarial - que engloba as contas da água, luz e telefone - representa "entre 40% a 60%" do total distribuído.
Contactado pela Lusa, o director dos recursos humanos corporativos dos CTT recusou qualquer ligação entre a transferência de serviço para a Mailtec e a retirada de subsídios e assegurou que "não há nenhum posto de trabalho em causa nem nenhum plano de dispensas ou de reformas antecipadas" na empresa.
"O que tem vindo a acontecer é que, mercê do tratamento que as máquinas permitem fazer a montante, os carteiros não têm necessidade de entrar tão cedo como até aqui", afirmou António Marques, acrescentando que "esta medida até contribui para o bem estar das pessoas, que não têm que chegar tão cedo ao trabalho".
Salientando não estar em causa a diminuição dos vencimentos, mas a retirada de subsídios "mercê da alteração dos horários de trabalho", o responsável destacou que, "mesmo assim", no único centro de distribuição postal onde tal já se concretizou, "foi atribuída uma compensação entre 2.200 e 3.400 euros a cada um dos trabalhadores".
António Marques referiu ainda que a alteração dos horários de trabalho afecta "menos de um terço dos CDP e menos de 20% (cerca de 1.300) dos sete mil carteiros que a empresa tem".
Relativamente à Mailtec, que destacou ser "uma empresa detida a 100% pelos CTT", o director confirmou que passou a assegurar o tratamento do correio empresarial, tal como a CTTGest assumiu a respectiva distribuição.
"Num contexto de liberalização do mercado (postal), a partir de janeiro de 2011, a empresa tem vindo a adequar os seus modelos de tratamento e de distribuição, até para garantir níveis de qualidade de serviço aos grandes clientes, num contexto de liberalização, façam com que estes não abandonem os CTT", disse.