Enfermeira Cristina Gomes regressou a Portugal, depois de quatro anos emigrada em Inglaterra.
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Depois de quatro anos a trabalhar em Inglaterra, quando Cristina Gomes regressou a Portugal, no segundo semestre de 2020, ainda poupava alguma coisa. Em 2021, passou a gastar o salário todo e, agora, está a tirar dinheiro das poupanças para custear as despesas mensais.
Cristina terminou o curso de Enfermagem em 2016 e foi trabalhar para Inglaterra. Em Portugal, à data, era impossível arranjar emprego e havia "o crónico problema dos salários baixos", que se mantém. Não se arrepende da decisão de emigrar, mas, em 2020, a incerteza do Brexit e a pandemia fizeram-na rever os planos.
"Em Inglaterra, trabalhei muito em cuidados intensivos e fiz formação nessa área. Aqui, estavam a precisar e, por isso, arranjei um contrato no Hospital de Guimarães", relata. Junto com o companheiro, também enfermeiro, fez contas à vida e retornou a Portugal.
"Os números eram fáceis. Viemos ganhar muito menos, mas também se pagava menos de aluguer e a alimentação era mais barata". Em Inglaterra, ganhava 2100 euros líquidos e veio receber 980. "Acontece que lá gastava metade do salário na renda de casa".
Mais 22 euros em luz
Em 2020, quando se instalou em Portugal, o casal gastava 390 euros em talho, peixaria e mercearia, o que representava uma poupança de cerca de 60 euros relativamente ao que despendia em Southampton.
"Estamos a deixar no supermercado o mesmo que gastávamos em Inglaterra". Nas despesas de gás, luz, água, internet, televisão e comunicações, quando regressou conseguia uma poupança de 78 euros. Com os aumentos, a diferença fica, agora, nos 57 euros. "Só na fatura de luz e do gás, o aumento mensal de 2021 para 2022 são 22 euros".
Ficar em Portugal com menos dinheiro e com os preços a subir, só a viver numa cidade periférica e deixando de poupar. "Moramos em Fafe, onde pagamos 300 euros por um T2. Em Guimarães, o aluguer de um T1 custa 600 euros. E, desde que começamos a fazer o curso de especialidade e a pagar 245 euros de propinas cada um, deixámos de poupar e, às vezes, temos que recorrer às economias".