Um dos principais efeitos será no gás natural e consequente reflexo na eletricidade.
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Perto de quatro mil quilómetros separam Lisboa de Kiev, mas a distância pode ser insuficiente para Portugal não sentir os efeitos de um cenário de guerra entre Ucrânia e Rússia. "Num conflito desta escala, ninguém fica a ganhar. No curto prazo, o maior impacto pode estar nos preços da energia, sobretudo do gás e do petróleo", assinala Filipe Garcia, da IMF-Informação de Mercados Financeiros.
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Paulo Rosa recorda que os russos fornecem 35% do gás natural à Europa e são um dos principais produtores mundiais de trigo. "Se a situação se agravar, poderemos ter menos trigo no mercado, o que acabaria por afetar o preço do pão e dos cereais", diz o economista sénior do Banco Carregosa.
A eventual diminuição dos envios de gás natural também pode ter efeitos no mercado da eletricidade. "Sendo os mercados globais, isto reflete-se em Portugal e nos preços de acesso à energia por parte das empresas e das famílias", destaca o presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva.
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O administrador recorda que o gás "é a principal fonte de receita" da Rússia. No curto prazo, a redução do fornecimento para a Europa central pode "dar uma vantagem" ao país liderado por Vladimir Putin. A médio prazo, contudo, "os países europeus ficam alerta para não confiarem na Rússia enquanto fornecedora e apostarem mais na sua independência energética, nomeadamente por fontes renováveis".
Caso o conflito se agrave, também podem existir efeitos na economia europeia. "A taxa de inflação poderá continuar a subir, em vez de desacelerar, travando a recuperação da economia", atenta Paulo Rosa.
Nas bolsas, os efeitos não serão tão severos, entende Filipe Garcia.
Números
99,01
O preço do barril de petróleo Brent para entrega em abril continuou ontem a forte tendência ascendente, tendo atingindo 99,01 dólares, a cotação mais alta desde 2014.