A Confederação Empresarial de Portugal diz entender a reivindicação da CGTP sobre o aumento do Salário Mínimo Nacional, mas reconheceu que as empresas não estão em condições financeiras para aumentar salários em 2013.
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"Está na hora de discutirmos seriamente este tema, até porque compreendo que é importante para as famílias no quadro social em que o país se encontra, mas não podemos desligar-nos de outros temas igualmente importantes para as empresas", afirmou o presidente da Confederação Empresarial de Portugal - CIP, António Saraiva, após um encontro com a CGTP.
António Saraiva considerou que "tentar discutir aumentos salariais num quadro de empresas que estão à beira da falência é uma falsa questão".
"É um tema que tem de ser discutido em concertação social. Percebemos a intenção da CGTP, mas tal como tive oportunidade de referir, nós temos outras preocupações que, a juntar ao SMN, devem ser igualmente atendidas e que até agora não o foram, nomeadamente, o financiamento às empresas, a perda continuada de competitividade de encomendas e de receitas que levam a algum congelamento salarial", declarou o representante dos patrões.
O responsável defende, por isso, que a discussão do Salário Mínimo Nacional (SMN) seja "enquadrada num todo mais amplo e numa perspetiva que não se situe apenas num ano, neste caso de 2013, mas à semelhança de outros acordos, de dois ou três anos, no mínimo".
No final do encontro na sede da CIP, em Lisboa, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, reiterou a necessidade de aumentar o SMN "ainda este ano e o mais rapidamente possível".
"A CGTP entende que este deve aumentar em um euro por dia e, neste quadro difícil em que as empresas funcionam, é indispensável que a Caixa Geral de Depósitos - CGD abra uma linha de financiamento para apoiar as empresas no que respeita à sua tesouraria e também no que concerne à necessidade de poderem promover investimento, apoio esse que deverá passar por juros muito baixos", afirmou Arménio Carlos.
Na terça-feira, no final de um encontro com a Central Sindical, a Confederação do Comércio e Serviços (CCP) admitiu que poderá haver um aumento "faseado" do salário mínimo em 2013, mas escusou-se a avançar com um valor, indo de encontro à reivindicação da CGTP.
O Governo de José Sócrates assinou em 2006 um acordo com os parceiros sociais que previa o aumento gradual do salário mínimo, de modo a que este fosse fixado nos 500 euros a 1 de janeiro de 2011.
Atualmente, o salário mínimo nacional é de 485 euros.
Na última reunião de concertação social, a 14 de dezembro, o ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, garantiu que não há margem no memorando de entendimento para aumentar o salário mínimo nacional, mas comprometeu-se a apresentar uma posição concertada dos parceiros sociais à troika por ocasião da sétima avaliação, em fevereiro.