O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia afirmou, esta sexta-feira, que o público-alvo das habitações sociais deixou de ser apenas "os pobres" e passou a integrar as "classes médias empobrecidas".
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No seminário sobre habitação municipal "Europa 2020, Habitação e Inclusão Social", que decorreu esta sexta-feira no Porto, Eduardo Vítor Rodrigues (PS) apontou a mudança de público-alvo como um novo desafio a enfrentar pelo setor da habitação pública.
"As habitações [sociais] eram para os pobres de zonas abarracadas ou os pobres de zonas menos abarracadas. Agora já não são apenas os pobres, tem de se dar reposta às classes médias empobrecidas", afirmou no seminário organizado pela Associação Portuguesa de Habitação Municipal.
O autarca caracterizou estes novos destinatários como pessoas que "tinham vidas estabilizadas, com casas adquiridas ao banco ou com arrendamentos em zonas algo caras" e que, devido a situações de desemprego, deixaram de poder custear esses encargos.
"Mas este público não é igual nas valorizações sociais", alertou o autarca, referindo que as classes médias empobrecidas "querem ir para uma casa mas não para um [determinado] bairro, querem ir para uma casa diluída no tecido social", comentou.
Assim, a política de habitação, segundo Eduardo Vítor Rodrigues, "terá que se 'desterritorializar'", ou seja "deixar de ser um território uno e exclusivo, muitas vezes fechado, para não dizer 'guetizado'".
Por isso, defendeu o autarca, deve-se adotar "menos território de bairro e mais de portfólio: um território diversificado para diluir, integrando os habitantes em habitações públicas na própria cidade".
Apesar de caracterizar como "virtuoso o arrendamento", o autarca referiu que se deve continuar "a privilegiar a aquisição na maioria nos casos".