Associação Privada de Clientes considera que a compra do BPP "é uma boa notícia", mas está "dependente do parecer das entidades oficiais", como o do Banco de Portugal. Representante dos clientes, Durval Patrão, espera que situação evolua no bom sentido.
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"Neste momento, a única novidade é que a Sociedade Comercial Orey Antunes comunicou à CMVM [Comissão de Mercado de Valores Mobiliários] que comprou por um euro o Banco Privado", disse à Lusa Jaime Antunes, porta-voz da Associação Privada de Clientes, adiantando que a "compra e a efectivação do negócio está dependente de todos os pareceres das entidades oficiais, nomeadamente do Banco de Portugal e do Governo".
O porta-voz dos clientes reforçou que "uma mudança accionista num banco precisa do parecer favorável, vinculativo e decisivo do Banco de Portugal", que "ainda não se pronunciou".
Para Jaime Antunes, "sempre que há uma perspectiva de solução para o banco, é uma boa notícia".
"Governo abandonou o banco e os clientes"
"A solução do Governo foi abandonar o banco e os clientes. Esta solução [compra do banco] em comparação com o que existe é boa, mas não é uma solução perfeita, porque perfeita era receber o dinheiro que lá está e está congelado há oito meses", referiu.
Questionado sobre o valor da compra do BPP, por um euro, o porta-voz da Associação Privada de Clientes disse que "reflecte a situação do banco, com grandes desequilíbrios financeiros".
"É natural que numa transacção destas isso [desequilíbrios] se reflicta no preço", disse.
Administração "vai cair ou ser substituída"
O representante dos clientes do BPP, Durval Padrão, mostra-se esperançado de que a situação dos depositantes "evolua no bom sentido" após a aquisição do banco anunciada pela Sociedade Comercial Orey Antunes.
"Finalmente, ao fim de quase oito meses, pode ser que as coisas evoluam no bom sentido", disse à Agência Lusa Durval Padrão. "Pior do que já estamos, em princípio não vamos ficar", adiantou.
Durval Padrão mostrou-se também convencido que a actual administração "vai cair ou ser substituída", indicando que "tudo se encaminhava para que houvesse algum desenvolvimento" no BPP.
"Se os actuais accionistas não tinham capacidade para resolver a situação, se o Estado não interveio ou não quis intervir e se o grupo Orey tinha interesse em ter um banco, está resolvido. Provavelmente, agora a administração vai cair, vai ser substituída. Vamos ver", referiu.
Acordo deve ser aprovado pelos clientes
Luís Miguel Henrique, representante da Associação de Defesa dos Clientes BPP, é da opinião que os clientes são peça fundamental para a viabilização do negócio.
"Qualquer negócio está dependente da aprovação dos clientes, a não ser que a parte compradora tenha 500 milhões de euros para injectar e pagar já aos clientes", frisou à Agência Lusa Luís Miguel Henrique, lembrando que o montante global relativo aos produtos de retorno absoluto ascende a 800 milhões de euros.
"Ao negociar com os clientes, a parte compradora reduz o problema de recapitalização do banco para 300 milhões de euros, porque se os clientes não abdicarem da garantia de capital o banco mantém-se devedor e quando o 'congelar' de contas for levantado, os clientes vão exigir o que lhes é devido, até porque boa parte das aplicações já venceram", acrescentou o responsável.
Luís Miguel Henrique reforçou que, pelo que é conhecido até ao momento, este é "um contrato condicionado", ainda que "demonstrativo de que há acordo total entre as duas partes".
A Sociedade Comercial Orey Antunes informou a CMVM ter adquirido a totalidade do BPP e de duas empresas holding do Grupo Privado Português pelo preço simbólico de um euro.