Os representantes do grupo de clientes do BPP, que se estão a manifestar hoje em Lisboa, disseram aos jornalistas que a proposta apresentada pelo Governo para a resolução do problema do retorno absoluto é ofensiva.
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"A proposta do fundo é ofensiva. O Estado está a aliciar as pessoas a aderirem a um fundo que não serve o interesse dos clientes", afirmou Carlos do Paulo, um dos porta-vozes dos clientes do BPP.
A mesma fonte diz que a "esmagadora maioria dos clientes não aceita os termos em que o fundo está feito", uma vez que "foram contratados produtos sem risco, o Estado não fez a sua obrigação de supervisão e, agora, propõe uma solução que empurra os clientes para um fundo que não serve os seus interesses".
Os clientes garantem que se vão manter "irredutíveis", que não abdicam "de um cêntimo dos depósitos nem dos juros" e dizem que a proposta que o Estado apresentou não passa de "uma esmola".
Os manifestantes estão concentrados junto à Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, onde decorre uma conferência económica, que conta com as presença dos ministros das Finanças, Teixeira dos Santos, e da Economia, Vieira da Silva, bem como do Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.
"Se o Estado quer ajudar os clientes, que fique com a titularidade dos ativos do retorno absoluto, pagando de imediato aos clientes lesados pelo banco", realçou Carlos do Paulo, acrescentando que, nesta altura, os ativos de retorno absoluto valem entre 70 a 80 por cento do valor total aplicado pelos clientes.
Os cerca de 20 manifestantes estão divididos em dois grupos, com sensivelmente metade a participar na conferência em curso e os restantes na entrada do edifício com cartazes com frases já bem conhecidas como "Queremos o nosso dinheiro!" ou "BPP: banco criminoso protegido pelas autoridades".
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) anunciou hoje que autorizou a constituição do fundo de investimento especial para os clientes do Banco Privado Português (BPP), num montante até 772,532 milhões de euros.
A oferta vai decorrer entre 12 de fevereiro e 04 de março e o seu sucesso está dependente de aceitação por parte de, pelo menos, 50 por cento dos clientes ou do facto do capital investido por estes corresponder a, pelo menos, 50 por cento do valor total.