O presidente da Confederação dos Serviços de Portugal, Luís Reis, defendeu, esta segunda-feira, que mais importante que a meia hora de trabalho a mais nos privados, aprovada pelo Governo, são as medidas de flexibilidade laboral.
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Luís Reis falava aos jornalistas à margem da conferência de apresentação da nova Confederação dos Serviços de Portugal (CSP), que pretende ser um "parceiro novo, moderno e incontornável no diálogo social".
Questionado pelos jornalistas sobre a posição da CSP sobre a meia de hora de trabalho a mais para o sector privado, Luís Reis foi peremptório: "Mais importante que a meia hora é que haja medidas de flexibilidade na lei laboral".
Segundo o gestor, que é também presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, a flexibilidade laboral é uma área "onde Portugal está atrasado em relação à média europeia".
Luís Reis adiantou que "mais importante que a lei de despedimento é a lei da flexibilidade laboral", lembrando que os serviços têm especificidades próprias, picos e sazonalidades, pelo que as medidas naquela área são necessárias.
Sobre as medidas previstas no documento da 'troika', considerou serem "alterações genéricas", reiterando que os "serviços têm necessidades diferentes". Em relação à taxa social única, Luís Reis escusou-se fazer grandes comentários, reiterando a importância da flexibilização laboral.
Segundo o gestor, que também é administrador da Sonae, a confederação é pela defesa do emprego e das empresas, pois "sem empresas não há emprego", adiantando que a CSP tem propostas concretas sobre a flexibilidade laboral. No entanto, Luís Reis escusou-se a avançar detalhes, referindo que estas propostas serão apresentadas "em breve" ao ministro da Economia, numa reunião que já está agendada.
Ambiente de "crispação"
Questionado sobre a participação da confederação na concertação social, Luís Reis sublinhou que actual lei, "que tem mais de uma década, é estática", pelo que em termos informais irão participar no "diálogo social".
Para Luís Reis, os sindicatos têm até apresentado um "discurso mais positivo" do que algumas confederações, que estão ainda "ligadas ao passado", o que resulta no ambiente de "crispação" existente à volta da concertação social.
Nesse sentido, adiantou, a nova confederação poderá ser um impulso para "descrispar" este ambiente. "É preciso falar de Economia", no sentido microeconómico, debater o que pode ser feito para redinamizar a economia portuguesa, adiantou.
"Quem cria emprego é o ministro da Economia e não o ministro das Finanças", sublinhou Luís Reis, para ilustrar a necessidade de se discutir temas concretos, em detrimento de assuntos mais macroeconómicos.
Segundo os dados divulgados, a nova confederação representa cerca de 200 mil postos de trabalho directos, 20% do produto interno bruto e um quarto das empresas do PSI 20.
A facturação total destas empresas, que cobram mais de um terço do IVA pago em Portugal, ronda os 30 mil milhões de euros.