O indicador coincidente para o consumo privado do Banco de Portugal caiu, em Setembro, 4,4 por% relativamente ao mesmo mês do ano anterior - a pior queda desde que há dados disponíveis (Janeiro de 1978).
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O indicador para o consumo privado do Banco de Portugal (BdP) mede a evolução do consumo dos particulares em Portugal. Desde Dezembro de 2010 que todos os meses a variação deste indicador tem sido negativa.
A variação acumulada até Setembro do indicador do consumo privado é também negativa - uma taxa de variação de menos 2,7%.
Este indicador da evolução do consumo das famílias é calculado a partir de várias séries estatísticas, entre as quais as vendas a retalho, as dormidas na hotelaria e inquéritos à confiança de consumidores.
O BdP nota que a queda do indicador coincidente do consumo privado tem sido "particularmente acentuada" no que diz respeito ao comércio de bens duradouros, como os veículos.
Um dos componentes do indicador é precisamente a venda automóveis ligeiros, cuja evolução tem sido especialmente negativa em 2011: quebras homólogas acima dos dois dígitos desde fevereiro, com uma descida de 33,8% em Setembro.
As novas medidas de contenção do défice adoptadas pelo Governo, nomeadamente a supressão dos subsídios de férias e Natal para funcionários públicos e reformados, poderão agravar mais ainda a tendência de queda do consumo privado.
A evolução do indicador do BdP é coerente com as previsões do Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2012. Nesse documento, o Governo estima que o consumo privado se vá reduzir 3,5% em 2011, e que o ritmo de contracção acelere no próximo ano, em que a quebra prevista é 4,8%.