Liderar uma empresa não torna a pessoa imune ao desemprego; mas os gerentes de micro e pequenas empresas continuam sem direito a receber subsídio de desemprego.
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Em Junho, havia 1377 gerentes e directores de PME desempregados, diz o Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), muito mais do que os 865 de há dois anos. Mas se os directores recebem subsídio de desemprego, já os gerentes não têm qualquer protecção financeira, já que a lei especifica que o subsídio só pode ser dado a um trabalhador por conta de outrem.
A inclusão dos gerentes das empresas mais pequenas (como uma tabacaria ou uma loja de costuras) na lista dos que podem receber subsídio é uma reivindicação antiga de várias associações patronais, mas até hoje nunca foi aprovada.
Enquanto isso, o mês de Junho trouxe mais uma descida no número de pessoas que vão aos centros do IEFP inscreverem-se como desempregadas. Eram, na altura, quase 552 mil os inscritos, menos do que em Maio mas, ainda assim, muitos mais do que em Junho do ano passado, quando a lista contava com 490 mil nomes.
Mais agricultura menos turismo
Se, no ano passado, o Verão não teve impacto no desemprego, este ano assistiu-se à melhoria que era corrente em anos anteriores, mas atenuada. Se anos houve em que o turismo começou a contratar em Março, lembra Luís Bento, professor da Católica, este ano só em Maio o número de inscritos começou a descer.
Elidérico Viegas, presidente da Associação de Hotéis do Algarve verifica, no terreno, que assim é. As empresas estão a "contratar menos gente e mais tarde", disse. A instabilidade causada pelo encerramento do espaço aéreo europeu (por causa das cinzas de um vulcão islandês em erupção) e a falta de perspectivas animadoras deixou os empresários mais cautelosos. Sem reservas suficientes para garantir um Verão lotado, quem contrata também prefere recorrer a empresas de trabalho temporário, adiantou.
Além do turismo, a agricultura é o segundo sector sazonal que contribui para a descida do desemprego no Verão. Aqui, diz João Machado, presidente da Confederação da Agricultura Portuguesa, o cenário é o oposto. Colher produtos hortícolas e frutícolas, a vindima e a apanha da azeitona chamam milhares de trabalhadores, entre Agosto e Dezembro, com salários que duplicam o mínimo nacional, disse. "O que está a acontecer este ano é igual ao que sucedeu nos anteriores ou até melhor, já que as produções estão a aumentar", afirmou.
Mas a descida do desemprego no Verão não implica forçosamente que continue a baixar depois disso. Luís Bento admite, até, que a taxa de desemprego chegue aos 11,5% no final do ano.