O presidente da AICEP, Basílio Horta, afirmou hoje que o desemprego é o aspecto "mais nocivo" da crise, comentando a estimativa de 10,1 por cento avançada pela OCDE para 2010.
Corpo do artigo
Questionado pelos jornalistas à margem da Conferência "Os Caminhos da Internacionalização", que se realizou em Lisboa, Basílio Horta respondeu que "o desemprego é o aspecto mais nocivo e grave desta crise internacional".
"Eu creio que durante algum tempo teremos de nos habituar a taxas que não eram habituais até porque o crescimento económico tem um efeito desfasado no tempo em relação ao aumento do emprego", explicou.
No 'Economic Outlook' da OCDE - Organização para a Cooperação e Comércio Externo, hoje divulgado, a organização estima que o desemprego em Portugal atinja os 9,2 por cento no final de 2009 e os 10,1 por cento em 2010.
Só em 2011, a taxa de desemprego deverá recuar para 9,9 por cento, refere a organização
Segundo Basílio Horta, quando Portugal sair da crise internacional, e "ainda não saiu, começaram apenas a aparecer sinais positivos, então, a redução do desemprego far-se-á sentir só daqui a um ano e meio ou dois anos".
"Penso que se em 2010 entrarmos numa espiral de crescimento económico, é muito provável que a partir de 2011 a 2012 já haja algum impacto positivo no desemprego", salientou.
Até lá, destacou, "vamos ter de fazer o possível para contrariar os números da OCDE", disse.
A OCDE prevê que o PIB português cresça 0,8 por cento em 2010, face à anterior previsão de uma contracção de 0,5 por cento, depois de um crescimento nulo em 2008.
Para 2011, a organização estima que a economia portuguesa cresça 1,5 por cento, com a retoma gradual da economia a ser liderada pela recuperação da procura interna, que ainda deve registar, contudo, uma contracção de 3,2 por cento este ano, mas que já deve crescer 0,6 por cento em 2010.
Sobre estes dados, Basílio Horta defendeu que a economia portuguesa deve, sobretudo, crescer pela via das exportações e da internacionalização empresarial, com diversificação dos mercados externos.
"Esta será a forma mais sustentada de criar riqueza no futuro", sublinhou.