O CDS-PP vai chamar a ministra do Trabalho e o secretário de Estado ao Parlamento, o BE acusou o primeiro-ministro de "manusear as estatísticas" e o PCP considerou que os últimos dados do desemprego em Portugal divulgados pelo Eurostat são o "espelho real" das afirmações feitas pelo partido.
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O CDS-PP anunciou que vai requerer a presença da ministra do Trabalho, Helena André, e do secretário de Estado Valter Lemos, no Parlamento, para discutir os últimos dados do Eurostat relativos ao desemprego.
"Quando os dados são maus desmente-os, quando são péssimos recusa-se a falar deles. A verdade é que, em Junho, quando saíram dados do Eurostat que diziam que o desemprego ia ser de 10,8%, o secretário de Estado veio a público dizer que esta taxa era inadequada e que o Eurostat ia rever em baixa os números do desemprego. Aconteceu exactamente o contrário", afirmou Pedro Mota Soares.
Em declarações à Agência Lusa, o deputado frisou que "nos últimos seis meses, sempre que o Eurostat actualizou os dados do desemprego, houve uma revisão em alta".
O Eurostat reviu hoje em alta a taxa de desemprego em Portugal de Maio e Junho para um máximo de 11% e confirmou que a taxa de desemprego em Julho recuou para 10,8%.
Sócrates "manuseia os números com arte"
"São números absolutamente históricos, que confirmam a profundidade e a gravidade da crise económica e social que Portugal atravessa, ao contrário do que o próprio primeiro-ministro tem propalado nos últimos dias, neste regresso de férias em que de cada vez que há um númerozinho menos desfavorável na economia ou na sociedade, logo vem dizer que a crise está em vias de ser ultrapassada", afirmou à Agência Lusa o deputado do BE Heitor de Sousa.
"A arte com que o primeiro-ministro manuseia os números e as estatísticas é menos forte do que a realidade penosa e muito pouco colorida que o desemprego atinge em Portugal", criticou.
Heitor de Sousa revelou que uma das primeiras medidas que o BE vai apresentar no reinício da actividade parlamentar "é o alargamento do direito do subsídio de desemprego aos desempregados de longa duração".
O deputado apontou ainda o PEC como um plano de "redução do investimento público, ataque ao poder de compra das famílias, que prenuncia um agravamento da austeridade das famílias" e "impossibilita" uma redução consistente do desemprego.
"Espelho" do que diz o PCP
"Isso é o espelho real daquilo que vimos afirmando. Ou seja, não há nenhum país que ande para a frente com um desemprego a esse nível", reagiu Jerónimo de Sousa aos jornalistas em Gouveia, onde reuniu com a presidência da Câmara e visitou áreas ardidas pelos incêndios florestais.
O dirigente nacional do PCP reafirmou que o desemprego resulta "da destruição da produção nacional, do nosso aparelho produtivo, que tem consequências económicas, em primeiro lugar, e como face mais marcada, esse desemprego".
Jerónimo de Sousa recordou que no país existem cerca de 700 mil desempregados, e que o fenómeno atinge "particularmente os jovens".