O grupo automóvel Peugeot-Citroën detalha, esta quarta-feira, o seu "plano social", que inclui uma redução de 8000 postos de trabalho em França, e divulga os resultados da empresa este ano, enquanto o Governo apresenta um plano de ajuda para o setor.
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A imprensa francesa considera estes dois anúncios "cruciais para o futuro da indústria automóvel no país".
O maior fabricante de automóveis de França - e o segundo maior da Europa - anunciou, no dia 12 de julho, que vai cortar 8000 postos de trabalho no país e fechar, em 2014, a unidade de produção a 30 quilómetros a norte de Paris, onde trabalham mais de 3000 pessoas, incluindo pouco mais de 300 portugueses ou lusodescendentes.
Esta quarta-feira, a empresa deve detalhar o "projeto de reorganização das atividades industriais e de redução de efetivos" que anunciou há duas semanas. Deste plano faz ainda parte um abrandamento da atividade da fábrica do grupo em Rennes, no noroeste de França.
Quanto a resultados financeiros, o grupo já avançou que teve prejuízo no primeiro semestre deste ano. Os responsáveis estimam que não será possível equilibrar as contas antes do final de 2014.
De acordo com o delegado sindical António Reis, operário na fábrica de Aulnay-sous-Bois, algumas centenas de trabalhadores deverão concentrar-se em frente à sede do grupo na capital francesa, a partir da hora marcada para o início da assembleia-geral extraordinária, às 9 horas (10 em Lisboa).
Há 20 anos que a França não via fechar uma fábrica do setor automóvel. Os sindicatos declararam "guerra" à Peugeot-Citroën. O Presidente francês, François Hollande, considerou a decisão da empresa "inaceitável" e afirmou pretender que ela fosse "renegociada".
O Governo multiplicou-se, primeiro, em condenações, duvidando publicamente das alegadas dificuldades financeiras da empresa, depois em encontros com os principais responsáveis do grupo, e representantes dos trabalhadores.
O executivo encarregou ainda um perito de fazer uma avaliação sobre a situação financeira da empresa. As primeiras conclusões dessa análise devem ser conhecidas no final do mês.
Na segunda-feira, depois de um encontro com o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, o presidente da empresa, Philippe Varin, disse aos jornalistas que o grupo se comprometeu a levar a cabo "um diálogo social exemplar".
"Comprometemo-nos a encontrar uma solução para o problema de emprego de cada assalariado, e a fazer o máximo para assegurar a reindustrialização de Aulnay-sous-Bois", afirmou.
Sobre o plano governamental de ajuda ao setor, o ministro da Reindustrialização, Arnaud Montebourg, afirmou apenas que consistirá num "apoio massivo" à produção de veículos "inovadores e de energia limpa", em troca de "contrapartidas".
Em junho, as vendas na Europa de veículos particulares e de veículos utilitários produzidos pela Peugeot-Citroën caíram 18%, em relação ao mesmo mês de 2011. O grupo realiza quase 60% das suas vendas no velho continente.