Em todo o país, ainda só 5% das empresas estão a suspender contratos e reduzir horários. Mas no universo das grandes sociedades já são mais de um terço. Hotéis e restaurantes vão à frente.
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Mais de 5% das empresas já recorreram aos apoios do Estado para suspender contratos e reduzir horários de trabalho devido à pandemia, mas há regiões do país onde o peso do recurso ao lay-off simplificado é mais elevado, com o Norte e a região da Madeira a liderarem na percentagem de acesso a este mecanismo extraordinário por parte das suas empresas.
No distrito de Braga, tal como na Madeira, 8% das empresas já aderiram ao lay-off, e no distrito do Porto a percentagem atinge os 7%, de acordo com cálculos do JN/Dinheiro Vivo com base em dados divulgados ontem pelo Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério do Trabalho e nos dados do INE sobre a distribuição nacional das empresas.
Já Beja e Bragança são os distritos onde há menos pedidos de apoios à manutenção dos postos de trabalho (3% das empresas), ao passo que Lisboa está na média nacional, com 5% do total das empresas do distrito a avançarem para o lay-off. A capital do país lidera, no entanto, em termos absolutos, com mais de 16 mil sociedades a socorrem-se do mecanismo extraordinário que está em funcionamento desde o final de março.
Segundo o balanço do Governo, até à última terça-feira, já 69 581 empresas tinham recorrido ao lay-off, num número que entretanto continuou a subir. À partida, têm um peso relativamente baixo no todo nacional, de apenas 5%, mas que se torna muito mais expressivo quando se tem em conta o número de funcionários que empregam: mais de 938 mil, ou mais de um quinto dos trabalhadores por conta de outrem.
Apesar de 96% das empresas que aderiram a este regime para suportar salários terem até 50 trabalhadores, os dados mostram que a adesão é mais forte entre as grandes empresas nacionais em termos relativos.
Até à última terça-feira, mais de um terço das empresas com 250 trabalhadores ou mais já tinham aderido ao lay-off: 409 de um total de 1199. Por contraste, a taxa de adesão entre as PME, com até 250 trabalhadores, estava em 5%. Eram 69 114 empresas num universo superior a 1,27 mil milhões de sociedades.
Salários e setores
O peso destas empresas com atividade suspensa ou reduzida é também elevado quando se tem em conta a massa de salários pagos. As mais de 69 mil empresas em lay-off declaram remunerações totais que alcançam cerca de 951 milhões de euros. O valor representa praticamente um sexto do total de remunerações pagas a trabalhadores por conta de outrem no último mês de dezembro, num total de 5,9 mil milhões de euros, segundo o INE.
Os dados já publicados também apontam os principais setores a recorrer ao mecanismo, liderados pelo alojamento e pela restauração, seguidos pelo comércio grossista e retalho. Nestes setores estão perto de metade das empresas com pedidos de lay-off (47,8%).
Independente
Lisboa, Porto e Braga são também os distritos com maior número de trabalhadores independentes afetados pela pandemia. Dos mais de 145 mil que pediram apoio, perto de metade eram residentes nestes três distritos. Faro e Aveiro têm também um número elevado de recibos verdes e empresários em nome individual cuja atividade travou.v