Com os pressupostos conhecidos, Portugal pode vir a receber até 25 mil milhões de euros da "bazuca" europeia.
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A decisão será salomónica para agradar a todas as partes. A proposta de distribuição dos cerca de 1,5 biliões de euros pelos 27 países da União Europeia será pela via de empréstimos e subvenções a fundo perdido. É esta a proposta que, até 6 de maio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deverá fazer aos estados-membros para que esta seja aprovada o mais rapidamente possível para fazer face aos terríveis efeitos da pandemia da Covid-19.
No entanto, falta saber o mais importante: que fórmula será escolhida para distribuir a "bazuca" do fundo de recuperação da economia europeia. Na cimeira de quinta-feira, os líderes europeus concordaram que o fundo deve estar direcionado para os setores e zonas geográficas da Europa mais afetados, mas também neste caso convidaram a Comissão a propor os critérios.
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Turismo beneficiado
Von der Leyen adiantou que a Comissão Europeia vai ainda estudar "de forma aprofundada" o impacto da crise da Covid-19 nas economias comunitárias. "Sabemos que o PIB vai cair em todos os países, mas cairá de forma mais acentuada nuns estados-membros do que noutros, e haverá prejuízos maiores nuns setores do que noutros, como no do turismo", apontou, numa referência que terá agradado a António Costa, já que Portugal, tal como Itália, Espanha e Grécia, depende bastante deste setor.
De acordo com uma simulação do instituto de investigação económica alemão ZEW, Portugal pode receber até 25,1 mil milhões de euros, correspondentes a 11,93% do seu Produto Interno Bruto. Num segundo cenário que tem em conta apenas o número de mortes projetadas pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde para cada um dos 27 países, aí Portugal arrecadaria 8,2 mil milhões de euros, 3,89% do seu PIB.
Já num terceiro cenário, em que a alocação de fundos seria feita numa proporção de dois terços tendo em conta a queda do PIB, e um terço o número de mortes projetadas pelo IHME, Portugal arrecadaria 19,5 mil milhões de euros.
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540 mil milhões é o que o Mecanismo Europeu de Estabilidade vai disponibilizar em linhas de crédito aos países da UE. Para Portugal, está previsto uma verba de 4 mil milhões de euros.
Ajuda do BCE em causa
O Tribunal Constitucional alemão vai pronunciar-se a 5 de maio sobre o programa de compra de ativos do BCE e pode pôr em causa o atual pacote de 750 mil milhões.
Divergências
A telecimeira serviu para demonstrar a divergências entre os países, sobretudo sobre o montante do fundo e a forma de como será a sua repartição.
Mudança de tom
A Alemanha, ao mudar de tom e aceitar parte dos argumentos dos países latinos, deixou a Holanda e a Suécia isolados na defesa de que não haverá dinheiro a fundo perdido.