As economias da Espanha e de Itália deviam "ser tratadas como solventes, capazes de lidar com as suas dívidas" e não precisarem se reestruturar, assegura o Instituto Peterson, uma entidade privada sem fins lucrativos dedicada ao estudo da política económica internacional, com sede em Washington.
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A análise, conduzida pelo economista William R. Cline, garante que, apesar de normalmente se considerar necessário um resgate financeiro quando é ultrapassado o limite de juros de sete por cento sobre a dívida soberana, os cálculos atuais indicam que os dois os países "podem suportar taxas entre 7% e 7,5% por um longo período de tempo".
Itália e Espanha têm suportado, nas últimas operações, taxas de juro da dívida de 7,3% e 7,6%, respetivamente.
William R. Cline, que integrou as equipas de assuntos internacionais do Departamento do Tesouro, antes de assumir a presidência do Instituto Peterson, no início da década de 1980, assinala que "ambos os países devem alcançar com êxito os seus objetivos orçamentais", para melhorar, rapidamente, as suas condições de dívida.
No que diz respeito a Espanha, a análise destaca as necessidades de recapitalização da banca.
As estimativas do estudo mostram que, no cenário de referência, Espanha precisa de uma recapitalização bancária de 50 mil milhões de euros, o que faria a dívida subir apenas de 89% do Produto Interno Bruto (PIB), para 94%, até 2020.
Para o economista, o baixo crescimento económico e a dificuldade de redução de despesa, a nível orçamental, têm mais impacto sobre a capacidade de Espanha e de Itália suportarem a dívida, do que taxas de juro mais altas para o financiamento.
Cline assinala no entanto que os dois países devem seguir a recomendação do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os objetivos orçamentais, mas em termos de "políticas específicas, em vez de resultados nominais".
"O drama da dívida na Europa reside no confronto entre os mercados e as autoridades da zona do euro, com a ação centrada apenas no objetivo de dominar os ataques às duas principais economias [Alemanha e França]", acrescenta Cline.
"A resposta das autoridades da eurozona, no final de junho, de se comprometerem numa união bancária e na possibilidade de o fundo de regate emprestar diretamente aos bancos espanhóis, em lugar de o fazer ao governo", são perpetivas positivas que o economista destaca.
Para William R. Cline, o "bom resultado vai depender do que Espanha fizer para alcançar um superavit primário e de a zona euro cumprir o seu papel, no seio da União Europeia".
