A Comissão Europeia corrigiu em baixa as previsões económicas para Espanha, antecipando um crescimento do PIB de apenas 0,7% em 2011 e em 2012 e prevê que o Governo não conseguirá cumprir a meta do défice.
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No boletim de previsões do Outono, a Comissão Europeia (CE) prevê que o crescimento do PIB este ano e em 2012 seja de apenas 0,7%, corrigindo assim as suas próprias previsões da Primavera (crescimento de 0,8% em 2011 e de 1,5% em 2012).
Valores bastante abaixo das previsões do Governo espanhol que antecipava um crescimento de 1,3% este ano e de até 2,3% em 2012 e até mesmo do FMI e do Banco de Espanha que previam que o PIB crescesse este ano 0,8% e 1,1% em 2012.
Também no défice orçamental, a Comissão Europeia antecipa que o Governo não conseguirá cumprir a meta de 6% este ano, com o valor final a atingir os 6,6% do PIB, o que traduz uma redução de 2,7 pontos face ao défice registado em 2010.
"O possível desvio do alvo de 2011 é confirmado pelos dados das contas nacionais da primeira metade do ano", refere a Comissão na sua análise.
Também em relação ao emprego, o boletim de Outono avança com más notícias ao considerar que "o nível de desemprego não deverá cair abaixo dos 20% no futuro previsível".
O boletim prevê que o crescimento espanhol comece a consolidar-se apenas a partir de 2013, com o crescimento das exportações e do consumo interno a ajudar na recuperação económica.
A CE reconhece que as previsões são feitas num cenário eleitoral - que implicará começar o ano sem o orçamento para 2012 - pelo que as contas são feitas "projectando temporariamente o orçamento de 2011 para os primeiros meses de 2012".
Medidas de consolidação fiscal que venham a ser adoptadas nesse orçamento, recorda a análise, "poderiam alterar significativamente as previsões".
"O crescimento a médio prazo continua a ser afectado pela desalavancagem do sector privado para reduzir a dívida, pela consolidação orçamenta necessária para controlar o défice público, pela reestruturação do sector bancário e por níveis recorde de desemprego", refere a CE.
O boletim de Outono destaca o impacto deste cenário no sector bancário que, apesar de fortes correcções, continua a ter "fortes exposições ao sector imobiliário" e ao consumo interno, tanto pela redução de dívida como pela queda no emprego.
A previsão é de que o consumo doméstico cresça moderadamente em 2012, com o crédito ao imobiliário a crescer menos do que para outros sectores.
Serão as exportações que mais contribuirão para a recuperação económica, sendo de destacar o aumento das vendas para fora da UE, para onde vão já 40% das exportações espanholas.
No que toca ao défice, a CE aponta o aumento dos défices das comunidades autónomas como causa da correcção nas previsões para este ano.
A CE considera que, desde a Primavera, a situação no emprego "deteriorou-se ligeiramente", especialmente devido ao fraco crescimento económico, podendo aumentar ainda no inicio de 2012.
O boletim prevê que a inflação caia para níveis ligeiramente acima dos 2% este ano, permanecendo "relativamente baixa" no futuro previsível, com os salários a manterem a tendência de correcção em baixa que se verifica desde 2010.
O cenário espanhol enfrenta, segundo a CE, "riscos consideráveis", nomeadamente as medidas de consolidação orçamental em 2012 e 2013 para cumprir as metas de défice, os limites aos créditos para as empresas e famílias e o aumento da taxa de poupança, que deverá ter impacto no consumo doméstico.