O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou, esta terça-feira, que a especulação em torno da dívida pública italiana "abrandará" logo que for aprovado o novo Orçamento do Estado em Roma.
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"O ministro das Finanças italiano já apresentou o projecto de orçamento, não há dúvida de que este será aprovado no Parlamento, e logo que isso acontecer a especulação abrandará", disse Schäuble, em declarações à rádio pública Deutschlandfunk.
Na mesma entrevista, o político democrata cristão sublinhou ainda que é necessária "uma solução global e duradoura" para resolver o problema da dívida grega, mostrando-se confiante de que os países da zona euro chegarão a um acordo.
No entanto, "só haverá uma solução se os credores privados participarem", lembrou o ministro alemão, defendendo, simultaneamente, uma estreita cooperação da zona euro com o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para elaborar um novo programa de ajuda à Grécia, até meados de Setembro.
"Temos de encontrar uma forma de os credores privados participarem sem que a situação nos mercados se agudize, em cooperação com o Banco Central Europeu e o FMI", disse Schäuble à DLF.
"Acho que devemos pensar, por exemplo, em formas de prolongar a maturidade das dívidas ou de baixar os respectivos juros, para melhorar a situação das dívidas soberanas, mas isso tem de ser um conceito global, que debateremos nos próximos dias e semanas", disse.
Schäuble voltou também a criticar a agência de "rating" Moody"s por ter baixado em quatro níveis a avaliação da dívida portuguesa, para "lixo", poucos dias depois de o novo Governo entrar em funções e anunciar que irá mais longe do que o plano de austeridade negociado com a União Europeia e o FMI.
"Foi uma decisão que só nos faz abanar a cabeça", disse o ministro alemão.
Para limitar o poder das três grandes agências de "rating", todas com sede nos EUA, Schäuble propôs que haja mais diversidade e mais concorrência e disse que a União Europeia está a trabalhar para isso.
"Estamos a rever todo o instrumentário, incluindo a regulamentação dos cartéis, para combater eventuais abusos", acrescentou Schäuble.